Um documento com recomendações dos parlamentares e líderes dos mais de 20 países que participaram do P20, como resultado das discussões, deve ser criado no fim deste terceiro e último dia do evento, nesta sexta-feira (8/11). Essas declarações serão levadas do Congresso Nacional, de Brasília, diretamente ao Rio de Janeiro, em 18 de novembro, onde ocorrerá o encontro da 19ª cúpula do G20, com duração de dois dias.
O tópico discutido no terceiro dia do 10ª Cúpula de Presidentes dos Parlamentos do G20 foi a construção de uma governança global adaptada às novas necessidades do século 21. A abertura da terceira sessão de discussão, que antecede a cerimônia de encerramento, foi realizada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). A composição da mesa de encerramento também contou com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e a presidente da União Interparlamentar (UIP), Tulia Ackson.
O primeiro parlamentar internacional a discursar, logo após a fala de Lira, foi o presidente da Grande Assembleia Nacional da Turquia, Numan Kurtulmu, que criticou o modelo de governança vigente: “O mundo não pode ser mantido na mão de cinco países”. “Precisamos fazer uma nova arquitetura política global, com a restruturação da ONU e do conselho de segurança especialmente”, declarou.
O líder turco repreendeu o genocídio na Palestina e a concentração de riquezas, que aumenta a desigualdade social. “O tempo está acabando. Precisamos terminar esse período onde os poderosos fazem o que querem. Dentro da soberania de todos os países, nós temos que salvaguardar a justiça e igualdade para os 8 bilhões de pessoa. Temos que trabalhar em direção para estabelecer um sistema em conjunto”, acrescentou.
Presidente da Câmara dos Deputados da Itália, Lorenzo Fontana, defendeu que é preciso “unir as forças para conseguir a paz” como “um objetivo fundamental”. “O futuro deve ser construído com força, desejo de mudança, e construção da liberdade”. Ele falou da necessidade de criar políticas públicas que beneficiem minorias e pessoas com deficiência: “Com a colaboração de todos, podemos construir um futuro de paz e prosperidade”.
São Tomé e Príncipe se fez presente por meio da presidente da Assembleia Nacional do país, Celmira Sacramento. Com uma trajetória profissional na área da educação, tendo sido professora de matemática e ciências sociais, Celmira clamou por uma política internacional mais igualitária e que privilegie a educação: “Precisamos rejeitar práticas bilaterais que muitas vezes perpetuam desigualdade, e criar normas e padrões comuns que seja seguidos por todos os parlamentos."
“É igualmente importante que o nosso parlamento invista mais em educação, uma vez que o nosso mundo não e homogêneo. Afinal um regime internacional verdadeiramente eficaz é aquele que representa a diversidade, experiência e necessidade de todos os seus membros”, defendeu a presidente santomense. O presidente da Assembleia da República de Portugal, José Pedro Correia Aguiar-Branco corroborou os argumentos de reformular uma política que atenda a diversidade da população mundial.
“Manter tudo como está não é uma opção. Os desafios atuais não se fortalecem com as respostas passadas. Precisamos de novas respostas e normas internacionais adaptadas às novas necessidades”, afirmou.
A declaração a ser documentada no final do encontro dependerá do consenso de seus membros, os mais de 120 parlamentares presentes. Os avanços propostos entre as lideranças tanto no P20 quanto no G20 auxiliaram na visibilidade do Brasil no cenário internacional, uma vez que o país preside o Grupo dos Vinte este ano. No Rio de Janeiro, a presidência será transferida para a África do Sul, que ocupará essa posição em 2025.
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