PANDEMIA

Moraes fala sobre covid e critica negacionistas: 'Não foi gripezinha'

Sem citar nomes, ministro do STF ressaltou que postura de gestão anterior atrapalhou cobertura vacinal no país. Mais de 700 mil brasileiros morreram por conta da infecção 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), comentou, nesta quarta-feira (6/11), sobre as consequências da pandemia da covid-19 no país. Sem citar nomes, o magistrado criticou o “negacionismo governamental” de 2020 e condenou falas sobre a doença ser apenas uma “gripezinha”. 

"Nós não estamos falando de uma — como foi dito à época por alguns —'gripezinha'. Nós estamos falando de uma pandemia em que mais de 700 mil brasileiros morreram. O Brasil foi o segundo país do mundo em números absolutos com maior número de mortes", disse Moraes.

A declaração foi dada durante o julgamento de uma ação contra a lei de Uberlândia (MG) que proibiu a vacinação compulsória contra o coronavírus e impediu a imposição de restrições a direitos de pessoas que não são vacinadas contra doenças.

Do início da crise sanitária até 26 de abril de 2023, o Brasil acumulou 701.494 óbitos por covid. Até o final do cenário pandêmico, foi o segundo país com mais mortes pelo vírus, em termos proporcionais.

Moraes disse que, por conta do negacionismo em relação às vacinas, o país teve queda geral na cobertura vacinal, "com alguns argumentos, como 'quem toma vacina vira jacaré' ou de que a pandemia era uma conspiração chinesa para instalar na vacina um chip e o Brasil virar comunista". "Tudo isso, que hoje parece risível, à época foi trazido para que as pessoas não se vacinassem, e o Brasil foi demorando para importar vacina", afirmou.

Denúncia contra Bolsonaro

No mês passado, o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e o Conselho Nacional de Saúde (CNS) ingressaram na Procuradoria-Geral da República (PGR) com uma representação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro para solicitar que o órgão tome as “devidas providências” e ofereça ao STF uma denúncia contra o ex-chefe do Planalto por seus crimes durante a pandemia.

Na mesma representação, as entidades pedem também a responsabilização dos ex-ministros Marcelo Queiroga e Eduardo Pazuello, da Saúde, e Walter Braga Netto, da Casa Civil. 

As entidades citam que o Brasil era apontado por especialistas e organismos internacionais como um dos mais preparados do mundo para enfrentar a emergência, mas que teve seu sistema de saúde “sabotado” pelos agentes públicos. Elas apontam uma conduta negacionista do ex-presidente. 

Em 2022, a Procuradoria pediu ao STF o arquivamento de sete das 10 apurações preliminares, sobre Jair Bolsonaro, ministros e ex-ministros, abertas a partir das conclusões da CPI da Covid realizada pela Câmara dos Deputados.  

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