Inquérito do golpe

"Lula não sobe a rampa", diz roteiro de golpe apreendido na sede do PL

Investigadores afirmam que a minuta fazia referência a tentativa de impedir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomasse posse

O documento estava na mesa do assessor do general Walter Braga Netto. -  (crédito: Polícia Federal)
O documento estava na mesa do assessor do general Walter Braga Netto. - (crédito: Polícia Federal)

Um documento apreendido pela Polícia Federal na sede do Partido Liberal, em Brasília, na mesa do coronel Peregrino, traçava um plano para impedir que o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subisse a rampa do Palácio do Planalto. De acordo com os investigadores, o manuscrito faz parte de um plano para dar um golpe de Estado. 

O coronel Peregrino era assessor do general Walter Braga Netto, que chegou a concorrer a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro. O documento manuscrito aponta o passo a passo de uma ação chamada de Operação 142, em referência ao artigo da Constituição que trata do papel das Forças Armadas.

"Ainda na análise do material apreendido na sede do Partido Liberal, mais especificamente na mesa do assessor do general BRAGA NETTO, coronel PEREGRINO, em uma pasta denominada “memórias importantes”, foi encontrado um esboço de ações planejadas para a denominada “Operação 142”. Tal fato evidencia a preocupação dos investigados com a possibilidade da existência de uma minuta física relacionada ao art. 142 da CF encontrada pela Polícia Federal. O documento é manuscrito", destaca a PF em relatório enviado ao Supremo.

"O documento, dentro do tópico 'Linhas de esforço', propõe ações que incluem “interrupção do processo de transição”, “mobilização de juristas e formadores de opinião” e “enquadramento jurídico do decreto 142 (AGU e MJ)”, completa a corporação.

Os investigadores apontam que a minuta tinha como objetivo manter Bolsonaro no poder, mudar a composição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e posteriormente convocar novas eleições. "Outros tópicos possuem siglas e jargões próprios do militarismo como “CG Pol” (Centro de Gravidade Político), com a descrição de medidas autoritárias, que demonstram a intenção dos investigados em executar um golpe de Estado para manter o então presidente JAIR BOLSONARO no poder: “Anulação das eleições”, “Prorrogação dos mandatos”, “Substituição de todo TSE" e “Preparação de novas eleições”, conclui a Polícia Federal.

O item está no relatório final sobre golpe de Estado que foi enviado ao Supremo. Ao todo, são 884 páginas que detalham como foi elaborado, ao longo de mais de um ano, um planejamento para impedir que o resultado das eleições fosse oficializado.

postado em 26/11/2024 18:54
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