O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a Brasília, na noite desta segunda-feira (25/11), após uma viagem ao Nordeste, e concedeu uma coletiva de imprensa no Aeroporto Internacional da capital federal. Durante fala de mais de 20 minutos, Bolsonaro negou ter tramado um golpe de Estado e disse que apenas estudou "todas as medidas possíveis dentro das quatro linhas".
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Bolsonaro também criticou a investigação da Polícia Federal, que indiciou ele e mais 36 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. "O inquérito não tem a participação do Ministério Público, a mesma pessoa faz tudo e no final do relatório ele volta para condenar quem quer que seja. Golpe de estado é uma coisa séria. Como disse agora pouco o presidente Temer, tem que estar envolvido todas as Forças Armadas, não existe golpe, ninguém vai dar golpe com o general da reserva e mais meia dúzia de Oficiais"
"É um absurdo o que estão falando. Da minha parte, nunca houve discussão de golpe. Se alguém viesse discutir golpe comigo, ia falar: ‘Tudo bem, e o day after? E o dia seguinte, como fica o mundo perante a nós?’ Todas as medidas possíveis, dentro das quatro linhas, dentro da Constituição, eu estudei", disse.
"A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário. Desde quando eu assumi, em 2019, eu vinha sendo acusado em querer dar um golpe", garantiu Bolsonaro, que iniciou a coletiva de imprensa afirmando que "a situação é extremamente grave, as acusações realmente são terríveis".
Criticas ao TSE e Alexandre de Moraes
Bolsonaro voltou a tecer criticas contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ex-presidente lembrou as campanhas da corte eleitoral para incentivar que jovens de 16 e 17 anos tirassem o título de eleitor — nessa idade, os adolescentes não são obrigados a votar. "Quatro milhões de jovens tiraram o título de eleitor. 3 milhões para o Lula e 1 milhão para mim. Eu estou até me beneficiando, o percentual é maior para o lado de lá. Só aí decidiu as eleições. Essa é uma das tantas observações que eu tenho onde o TSE tomou partido", declarou.
Anistia para os envolvidos no 8 de janeiro
O ex-presidente também falou sobre o Projeto de Lei (PL) da anistia, em tramitação na Câmara e no Senado, e disse que o inquérito do golpe não ameaça o projeto. "Podemos aprovar na comissão, mas não teria clima para aprovar no plenário da Câmara. Mas eu não vejo ameaça, é algo completamente diferente. A lei de 1979 mesmo, o que foi anistiado foi crime de sangue, terrorismo, bombas", citou.
Paulo Amador da Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro na investigação do golpe, também falou durante a coletiva e pediu a participação do Ministério Público da União (MPU) no processo. "O procurador da República é alguém que preza pela sua biografia, uma pessoa extremamente respeitada e nós temos a convicção de que ele terá toda cautela ao analisar esta investigação. Esperamos que o MP tenha a participação que não pode ter ao longo do tempo desta investigação. Inclusive, na gestão anterior, por diversas vezes, houve pedido de arquivamento de inquéritos que foi simplesmente ignorado", comentou.
Bolsonaro também voltou a questionar às urnas eletrônicas e defender o voto impresso, e disse não ter "cabimento" ficar inelegível por criticar o sistema eleitoral. "Eu defendo o voto impresso desde 2012, defendia como deputado federal, já tive emenda minha aprovada. A Dilma vetou, nós derrubamos. O STF disse que era inconstitucional. Agora, quem entrou com uma ação contra mim, foi o Carlos Lupi exatamente por causa do voto impresso. Se você pegar há quatro anos atrás, no horário das inserções partidárias, o Carlos vai à televisão e fala claramente 'sem voto impresso é certeza na fraude'. Ele fala isso, vários outros parlamentares apresentaram projeto nesse sentido. Agora você tornar alguém inelegível, porque critica um sistema eleitoral, não tem cabimento", falou.