O silêncio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre os planos de golpe revelados pela Polícia Federal na terça-feira (19) permanece, depois de mais de 48 horas. Além de evitar responder às perguntas da imprensa sobre o assunto, Lira não emitiu qualquer posicionamento sobre o assunto até a noite desta quinta-feira (21). Para a deputada federal Sâmia Bomfim (PSol-SP), a esquiva demonstra "cumplicidade".
“O fato de Arthur Lira não ter se posicionado até o momento é muito grave. Significa que está compactuando, está sendo cúmplice desse processo de tentativa de golpe. E essas pessoas, ele e os demais líderes institucionais, têm que ser tão cobrados quanto aqueles que estão diretamente envolvidos, porque eles estão fazendo mal para o país e para a democracia também”, afirmou ao Correio.
Em contraste, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se manifestou sobre as descobertas da PF ainda na terça. Disse que as suspeitas são "extremamente preocupantes" e que não havia espaço no Brasil para "ações que atentam contra o regime democrático, e menos ainda, para quem planeja tirar a vida de quem quer que seja".
A PF mostrou, na terça, que o plano de golpe que envolvia principalmente militares tinha como um dos objetivos prender ou matar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Nesta quinta, a Polícia Federal concluiu o inquérito que investiga a tentativa de golpe e indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas, dentre ex-assessores, ex-ministros e militares.
O Correio procurou Lira para pedir um posicionamento sobre a fala da deputada Sâmia Bomfim, mas o presidente da Câmara não se manifestou.