O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, chegou à sede da Polícia Federal, na tarde desta terça-feira (19/11), em Brasília, para prestar um novo depoimento, após os agentes recuperarem dados que haviam sido apagados em computadores dele. A oitiva ocorre no mesmo dia da deflagração da Operação Contragolpe, que revelou um plano golpista e de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os investigadores querem saber se Cid mentiu. Caso a Polícia Federal conclua que ele não cumpriu as obrigações do acordo de delação premiada, poderá ser alvo de um pedido de rescisão da colaboração. Isso não anularia a delação, mas cancelaria os benefícios, como o direito de permanecer em liberdade.
Em nota, a defesa de Cid alega que ele "sempre esteve à disposição da Justiça, respondendo a tudo que lhe perguntado". "Se ainda há algo a ser esclarecido, ele o fará, com toda presteza", diz o comunicado dos advogados.
Envenenamento de Lula
As investigações da Polícia Federal apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Eles cogitaram assassinar o presidente Lula envenenado.
O grupo era formado por militares do Exército, da ativa e da reserva, além de um agente da PF. Segundo a investigação, o plano foi batizado pelos golpistas de “punhal verde e amarelo” e aconteceria em 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação da chapa Lula e Alckmin no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e também três dias depois dos ataques na sede da Polícia Federal, em Brasília.
Nas mensagens, Lula era chamado pelo codinome “Juca”, já o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), de “Joca”. Em mensagens recuperadas pela PF, os golpistas acreditavam que o estado de saúde do petista justificaria a morte após o crime.
A corporação também descobriu que o ministro Alexandre de Moraes era monitorado até que essa organização conseguisse colocar em prática o plano. Os golpistas pretendiam matar o magistrado com o “uso de artefato explosivo ou por envenenamento em evento oficial público”, diz outro trecho da decisão judicial.
A operação foi embasada nos arquivos que foram deletados do computador do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid e também do general Mário Fernandes, ex-assessor do ex-presidente. A PF conseguiu recuperar as mensagens com teor golpista e o plano de assassinato nesses arquivos. Houve prisões em Brasília e no Rio de Janeiro, além de buscas e apreensões no Amazonas e em Goiás.
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