Em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (14/11), o diretor da PF, Andrei Augusto Passos Rodrigues, afirmou que Francisco Wanderley Luiz, autor das explosões na Praça dos Três Poderes, tinha o intuito de matar “matar ministros da Suprema Corte”. Ainda segundo Rodrigues, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), era o principal alvo.
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“(O ataque) mostra a vinculação desses grupos radicais que culminam nessa barbárie que aconteceu ontem, na tentativa de matar ministros da Suprema Corte, e também que culminou nesse lamentável episódio do suicídio dessa pessoa”, afirmou Rodrigues.
De acordo com o chefe da PF, um áudio, atribuído à ex-esposa do homem-bomba e outras mensagens enviadas nas redes sociais ameaçando o STF, corroboram a hipótese de que "o alvo principal era o assassinato do ministro Alexandre de Moraes". Ele também relatou que "parece que esta pessoa tenha tentado ingressar no prédio do Supremo, não conseguiu e fez o que fez ali".
Ainda de acordo com o policial federal esse não seja um fato isolado e que não descarta a participação de outras pessoas no atentado. “Esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica. Entendemos que esse episódio de ontem não é um fato isolado, mas é conectado a várias outras ações, que, inclusive, a Polícia Federal tem investigado em um período recente”, declarou Rodrigues.
Segundo o blog da jornalista Daniela Lima, hospedado no portal g1, a ex-mulher, cujo nome é Daiane, contou à PF que Luiz chegou a fazer e compartilhar buscas no Google para organizar o ataque que cometeu na noite de quarta-feira (13/11) na Praça dos Três Poderes. Ainda segundo o relato, assim que teve acesso aos registros das pesquisas do ex-marido, Daiane questionou: "Você realmente vai fazer essa loucura?".
Mensagens em espelho
Francisco deixou uma frase no espelho do quarto da casa alugada por ele, na QNN 7 de Ceilândia, indicando que o atentado contra a Suprema Corte, na noite de quarta-feira (13/11), foi premeditado.
A reportagem do Correio entrou no imóvel e, no espelho do quarto, encontrou a mensagem: “Débora Rodrigues, por favor não desperdice batom!!! Isso é para deixar as mulheres bonitas!!! Estátua de merda se usa TNT”. A referência à mulher citada se deve ao fato de ela ter escrito “perdeu mané” na estátua da Justiça em frente ao STF durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro do ano passado.
Conforme relatado pelo Correio, a Polícia Federal encontrou materiais explosivos na residência alugada por Francisco. A operação contou com o apoio do Esquadrão de Bombas da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que fez a varredura no local. Dois policiais federais descreveram a casa como estando em completa “desordem”.
Os investigadores permaneceram no imóvel durante a noite e seguem nesta quinta-feira (14/11) com a perícia. Francisco alugou a kitnet havia cerca de duas semanas.
Entenda o caso
Ao menos duas explosões foram ouvidas na noite desta quarta-feira (13/11) na Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios, na parte central de Brasília. Uma delas se deu em frente à estátua da Justiça, no Supremo Tribunal Federal. O local foi interditado pela Polícia Militar e pela segurança do STF.
Um homem morreu em frente ao Supremo. Ele se chama Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, natural de Santa Catarina, e é apontado como autor do atentado ao Supremo. Francisco foi candidato a vereador em 2020 pelo Partido Liberal (PL) em Rio do Sul (SC), mas não se elegeu. Em suas redes sociais, ele postou uma foto no interior do STF, tirada em agosto, com a legenda: "Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro)". Na publicação, ele exibia uma conversa consigo mesmo no WhatsApp, onde afirmava estar dentro do STF.
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Cenas do atentado
Vídeos obtidos pelo Correio também mostram fumaça e vários sons de explosão em uma área usualmente movimentada entre a sede da Corte e a Câmara dos Deputados. Equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da Polícia Civil foram deslocadas para a região e interditaram a área para varredura.
Veja o trabalho da polícia no local:
Ministros em segurança
O Supremo Tribunal Federal (STF) informou, em nota, que a Corte foi evacuada logo que foram ouvidas as explosões ocorridas na noite desta quarta-feira (13/11) na Praça dos Três Poderes. Conforme informou o STF, os ministros foram retirados do prédio em segurança.
"Ao final da sessão do STF desta quarta-feira (13), dois fortes estrondos foram ouvidos e os ministros foram retirados do prédio em segurança. Os servidores e colaboradores do edifício-sede foram retirados por medida de cautela. Mais informações sobre as investigações devem aguardar o desenrolar dos fatos. A Segurança do STF colabora com as autoridades policiais do DF", afirma a nota.
Veja o relato de uma testemunha: