O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, informou, nesta quinta-feira (14/11), que a corporação está investigando outras possíveis ações de Francisco Wanderley Luiz, autor do ataque à bomba na Praça dos Três Poderes, na noite de ontem. O chefe da PF disse acreditar que esse não seja um fato isolado e que não descarta a participação de outras pessoas no atentado.
“Esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica. Entendemos que esse episódio de ontem não é um fato isolado, mas é conectado a várias outras ações, que, inclusive, a Polícia Federal tem investigado em um período recente.”
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A declaração foi dada em coletiva de imprensa na sede da PF, em Brasília. Também participaram o superintendente da PF do DF, José Roberto Peres, e o delegado Flávio Maltez Coca, da Unidade de Antiterrorismo do Distrito Federal.
Andrei Rodrigues disse ainda que há provas de que Francisco Wanderley esteve em Brasília também em janeiro de 2023, o que não elimina a possível participação dele nos atos golpistas de 8 de janeiro.
“Há indícios de um planejamento a longo prazo. Ele já esteve em outra oportunidade em Brasília. Estava em Brasília no começo de 2023. Ainda é cedo pra saber se houve ligação com os atos de 8 de janeiro, mas há investigação sobre isso”, afirmou.
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Um dos elementos seria os áudios da ex-mulher do autor do crime comentando a viagem. Outra suspeita é o recado deixado por ele na casa alugada em Ceilândia em que ele cita uma mulher presa por causa dos atos golpistas.
O inquérito está sob sigilo. Segundo o diretor da PF, ainda não se sabe a motivação do crime, mas a polícia trabalha com a hipótese de ataque terrorista e atentado ao Estado democrático de direito. “Não é só um ato de pichação. É um ato gravíssimo que atenta contra os atos antidemocráticos”, reforçou Andrei Rodrigues.
O atentado
Duas explosões foram ouvidas na noite de quarta-feira (13) na Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios. Uma delas ocorreu em frente à estátua da Justiça, no Supremo Tribunal Federal (STF) e a outra, em um carro estacionado no Anexo IV da Câmara dos Deputados. O local foi interditado pela Polícia Militar e pela segurança da Corte. O corpo do autor foi retirado somente nesta manhã.
O ataque culminou na morte de Francisco Wanderley Luiz, dono do veículo. Natural de Santa Catarina, ele tinha alugado uma casa há 4 meses na região administrativa de Ceilândia — 30 quilômetros do local das explosões. Na residência, a polícia encontrou artefatos explosivos do mesmo tipo usado na Praça dos Três Poderes. Também foram apreendidos um notebook e um pendrive.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que a Polícia Federal abriu um inquérito sobre o caso, que deve ser investigado como terrorismo. O ministro Ricardo Lewandowski ressaltou que as forças federais acompanham atentamente os desdobramentos das explosões.
"A Polícia Federal está trabalhando com rigor para elucidar, com celeridade, a motivação das explosões na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal, e nos arredores do Congresso Nacional”, disse via redes sociais.
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