O Ministério das Relações Exteriores (MRE) criticou nesta sexta-feira (1º/11) a publicação da polícia venezuelana que fez ameaças ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nota, o Itamaraty disse estar “surpreso” com o tom ofensivo das mensagens, e criticou ataques pessoais feitos fora dos canais diplomáticos.
Ontem (31/10), a Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela publicou nas redes sociais uma foto do petista com o rosto borrado com uma mancha preta, a bandeira do Brasil ao fundo, e os dizeres "quem se mete com a Venezuela se dá mal".
“O governo brasileiro constata com surpresa o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais”, disse o Itamaraty em nota.
“A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo”, acrescentou ainda o texto.
O ministério afirmou ainda que o Brasil sempre defendeu a não-intervenção de países estrangeiros na Venezuela, e que respeita sua soberania. Também argumentou que o interesse nas eleições do país vizinho, com fortes indícios de fraude, ocorre porque o Brasil foi testemunha dos Acordos de Barbados a convite da própria Venezuela.
“O governo brasileiro segue convicto de que parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no respeito às diferenças e no entendimento mútuo”, finalizou o texto.
Veto à Venezuela no Brics
A relação entre Brasil e Venezuela, que já estava estremecida após a reeleição de Nicolás Maduro, sofreu novo baque após a diplomacia brasileira barrar a entrada do país vizinho no Brics, apesar do forte lobby feito por Maduro frente à Rússia e à China.
O governo chavista convocou de volta o embaixador da Venezuela no Brasil para esclarecimentos, após declarações do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, sobre o veto no Brics. Amorim, por sua vez, afirmou que houve uma “quebra de confiança” entre os países após Maduro se recusar a promover eleições livres em seu país.
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