Viúva de Marielle Franco, a vereadora Mônica Benício (PSol-RJ) comemorou, nesta quinta-feira (31/10), a condenação dos assassinos da esposa, morta em 2018. Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram condenados na noite desta quinta. “Durou uma eternidade, mas está posto”, expressou a viúva em publicação no Instagram.
“Foram muitas as vezes que me perguntei quanto tempo mais eu teria que aguentar essa dor que carrego no peito provocada pelo assassinato da minha esposa, e que é agudizada pela injustiça de não ver seus assassinos sendo condenados pelo que fizeram”, escreveu Mônica.
“Nunca deixei de acreditar, mas a cada dia de espera a esperança era colocada à prova. Foi com muito esforço que construí, nesses 6 anos e 7 meses, uma fé inabalável de que esse momento chegaria e, a cada dia de luta, (fui) encontrando motivos para acreditar que seguir de cabeça erguida e peito aberto era o que ela esperaria de mim.”
A vereadora relembrou, no depoimento, o início da busca por justiça pelo assassinato de Marielle e Anderson, ocorrido no dia 15 de março de 2018, e afirmou que hoje é um dia importante para a “justiça clamada por cada brasileiro que acredita na democracia e na vida”.
“Após longos 2.423 dias de angústia e dor”, ela continua, finalmente ver os réus condenados por duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e receptação “resgata a esperança na ‘justiça dos homens’”.
Ela declara que sente alívio em ver, pela primeira vez, “materialidade” na procura por resposta e responsabilizações, que tanto foram esperadas, mas reitera: “Não acabou”. Ela deixa claro que as sentenças e condenações não reparam a dor ou restauram a ausência deixadas pela morte.
“Não é felicidade o que sinto”, desabafa. “O corpo e o coração permanecem tensos (...). Nós, que lutamos por um mundo menos desigual e mais justo, sabemos que a justiça que buscamos não tem um preço, muito menos um fim. Mas, se diante da dor, do pior dia das nossas vidas, daquela noite sem fim em que Marielle nunca chegou para jantar, se diante desse tempo de vida não há retorno, tampouco é possível seguir sem respostas.”
Ronnie Lessa foi condenado, nesta quinta-feira, a 78 anos de prisão; e Élcio Queiroz, a 59. Mônica é firme em declarar que a busca por justiça está longe de terminar. “Ainda falta a condenação dos mandantes e articuladores do crime, assim como dos demais comparsas”, declara. “Não descansaremos. Não existe mais essa opção.”
Apesar de se manter em luta e à procura de respostas, porém, a viúva reforça o conforto relativo que as condenações desta quinta a proporcionaram. “Daqui onde estou, carregando todo o peso que é suportar isso até agora, só consigo fechar os olhos e pensar que ela (Marielle) sorri assim, ao saber que hoje há um caminho para se percorrer”, finaliza. “Um caminho para um mundo sem violência política de raça e gênero, um mundo onde Marielles possam florescer, existir, crescer, viver, chegar em casa para jantar em segurança. Sobretudo, amar!”.