O almoço em apoio à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), nesta terça-feira, em São Paulo, foi marcado por referências à eleição presidencial de 2026. No evento, em uma churrascaria no bairro do Morumbi, estiveram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), entre dezenas de convidados.
O encontro foi fechado e, segundo a assessoria de Bolsonaro, representou um marco de união da direita com as lideranças paulistas, como parte de uma estratégia para o retorno da direita em 2026.
O advogado Fabio Wajngarten, que articulou o almoço e é um dos principais interlocutores entre Bolsonaro e a campanha de Nunes, afirmou que a aliança em torno do prefeito é um "embrião" para 2026. O empresário Fauzi Hamuche, da confraria Caves, que promoveu a reunião, chamou o evento de "púlpito de amanhã". "Daqui sairá o próximo presidente da República", disse.
Já Tarcísio de Freitas foi econômico ao comentar sobre as eleições de 2026, mas destacou: "O candidato a presidente é o Bolsonaro".
A declaração vai ao encontro do que tem pregado o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Ele é enfático ao afirmar que Bolsonaro será candidato em 2026. O ex-presidente está inelegível por oito anos. Em 2023, ele foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político na corrida eleitoral de 2022. O dirigente do PL acredita, no entanto, que pode incluir Bolsonaro no projeto de anistia dos golpistas do 8 de janeiro, em tramitação na Câmara.
Questionado por jornalistas sobre quem estará na disputa em 2026, o ex-presidente respondeu: "Será o Messias". Ele frisou ter formado lideranças pelo Brasil e fez uma comparação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Quem é o substituto de Lula na política dentro do Brasil? Não tem. De Bolsonaro? Tem um monte por aí. Colaborei para formar lideranças e estou muito feliz com isso. Fiz um bom governo, poucos reconhecem. O pessoal tem saudade de mim. Sou recebido por multidões em qualquer lugar do Brasil."
Bolsonaro repetiu seu mote, de ser o "ex mais amado do Brasil". "Podia estar nos Estados Unidos cuidando da minha vida lá. Estava muito bem, com oferta para trabalhar em qualquer lugar. Vim para cá para ajudar e mudar o Brasil."
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O ex-chefe do Executivo aproveitou para disparar contra um ex-aliado, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que se coloca como pré-candidato à Presidência. Disse que o gestor "aceitou o apoio do PT" ao empresário Sandro Mabel (União), candidato a prefeito de Goiânia.
"O que nos surpreendeu, segundo eu vi em vários órgãos de imprensa, o Caiado acertou, aceitou o apoio do PT ao Sandro Mabel. Ou seja, quem diria o Caiado da UDR (União Democrática Ruralista), que fala grosso, gosta de ranger os dentes, aceitou o apoio do PT. Agora, o PT não apoia de graça. Alguma coisa foi acertada", criticou. O governador nega ter proposto uma aliança com o PT no segundo turno do pleito municipal.
Sobre a eleição à prefeitura da capital paulista, Bolsonaro frisou o apoio de nordestinos a Nunes e cutucou o partido de Lula. "Eles fogem para São Paulo, procurando por melhores condições. Mas eles não tinham que ficar lá, afinal não é o PT que está há 20 anos governando a região? Tinha que ser a melhor região", ironizou. "E não é verdade. Os nordestinos daqui não querem que São Paulo se torne o que esses estados se tornaram."
Em seu discurso, Ricardo Nunes — que lidera com folga a corrida pela reeleição, na disputa com Guilherme Boulos (PSol) — elogiou o ex-presidente. "Ele ajudou a construir a nossa aliança com o PL, participou da nossa convenção. Temos uma relação de trabalho desde 2021, e sou muito grato pelo governo dele", afirmou. O ex-chefe do Executivo, porém, apoiou timidamente o prefeito no primeiro turno e só agora entra, de fato, na campanha dele. (Com Agência Estado)
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