INTERNACIONAL

'Perdemos a confiança em nossos vizinhos', diz embaixador de Israel

Daniel Zonchine esteve presente em cerimônia realizada na Câmara dos Deputados para homenagem as vítimas do ataque de 7 de outubro realizado pelo Hamas em território israelense

O discurso de lamento do Embaixador de Israel, Daniel Zonchine, no evento “Memória e Resiliência: um ano desde o 7 de outubro”, realizado nesta terça-feira (8/10), na Câmara dos Deputados, lembrou as vítimas do ataque, que se iniciou há um ano, pelo grupo terrorista Hamas.

“Aquele dia terrível ainda não acabou, porque estamos processando o que aconteceu e tentando entender. Não perdemos só 1.200 pessoas, mas perdemos também a sensação de segurança. Perdemos a confiança em nossos vizinhos e na própria natureza humana”, disse Zonchine.

O país, com uma população de cerca de 10 milhões de pessoas, convive com a guerra desde então. Os bombardeios iniciados pelo Hamas foram revidados pelo governo de Israel e continuam a ocorrer, em uma guerra no Oriente Médio que se alastrou para, Gaza, Líbano e agora o Irã. O evento de homenagem às vítimas e de combate ao antissemitismo e à luta contra o terrorismo reuniu lideranças políticas e religiosas.

Dois israelenses deram depoimentos sobre suas realidades e pediram ajuda às autoridades brasileiras. “Há um ano eu tenho rodado o mundo com um poster do meu primo, que continua refém do Hamas. Eu não quero mais que ele seja um poster ou uma camisa. Eu quero abraçá-lo, eu sinto muita sua falta. Essa não é uma guerra nossa, é uma guerra de todos. Me ajudem. Eu não quero mais lutar sozinha”. falou um deles.

O deputado federal General Eduardo Pazuello (PL-RJ) atribuiu ao Irã a articulação por trás desses conflitos que ameaçam o governo de Israel. “Sabemos que muitos grupos terroristas vêm de lá”, afirmou. “A missão em Gaza só vai acabar quando todos os reféns forem libertados e quando o poder militar do Hamas for completamente destruído”, acrescentou.

“Nós acreditamos na bíblia, que diz que quem está do lado de Israel está do lado certo. Quem está contra, está do lado errado. Vamos continuar defendendo Israel e continuar defendendo o lado do bem”, disse o deputado federal Fernando Máximo (União-RO). O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), reforçou a fala de Máximo: “Vamos seguir fazendo o certo. Estamos unidos pelo espirito da civilização e do bem ao próximo. Contem comigo para libertar esses reféns”.

Paralelo à cerimônia, nesta terça-feira (8/10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso de lançamento do programa Combustível do Futuro, voltou a fazer críticas à Israel: “Eu não me conformo com a guerra da Rússia com a Ucrânia; eu não me conformo com a chacina que Israel está fazendo na Faixa de Gaza e agora a invasão no Líbano”.

Anteriormente, na abertura da 79ª edição da Assembleia Geral da ONU, Lula chamou de "punição coletiva" os ataques de Israel contra o povo palestino. Apesar das críticas, o governo brasileiro mantém as relações políticas e econômicas com Israel.

A guerra entre Israel e Palestina

Segundo o governo de Israel, os bombardeios do Hamas já mataram 782 soldados. Em um levantamento do Ministério das Relações Exteriores do país, 1.200 pessoas foram mortas, entre elas 800 civis, e 346 militares das forças armadas desde o início do conflito, e mais de 300 mil reservistas foram convocados. Dos 250 israelenses sequestrados, cerca de 100 ainda permanecem reféns dos Hamas, organização política e militar palestina que governa a Faixa de Gaza.

Os ataques de Israel em Gaza, território da Palestina, mataram 42 mil pessoas, o equivalente a 1 em cada 55 dos 2,3 milhões de habitantes da região, uma média 115 mortes por dia. A ofensiva sangrenta do governo israelense foi definida como “um genocídio” em um relatório chamado “Anatomia de um Genocídio”, feito por uma equipe de especialistas das Organização das Nações Unidas (ONU). Entre os mortos, 69% são mulheres (11.346) e crianças (16.756). De acordo com a ONU, a destruição levou 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza a viver em abrigos.

Mais Lidas