Eleições24

Relatório aponta aumento da violência política

Segundo o Observatório da Violência Política e Eleitoral da Unirio, o Brasil registrou 510 casos no ano; o período eleitoral concentra o maior número de denúncias

Desde o início do ano, foram registrados 510 casos de violência contra lideranças políticas. Somente no último trimestre, o que inclui a maior parte do período eleitoral, as denúncias chegaram a 323 — superando os 236 casos registrados no mesmo período em 2020, até então, a maior marca alcançada. Os dados são do Observatório da Violência Política e Eleitoral (OVPE) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), divulgados ontem.

Segundo Miguel Carnevale, pesquisador da OVPE, os episódios de violência têm aumentado exponencialmente desde o início das medições, em 2019. "Batemos o recorde para o trimestre, mas há ressalvas. Como o tema da violência ganhou mais destaque no debate público, fica mais fácil encontrar menções e denúncias", explica.

O boletim divulgado ontem contém dados inéditos. "O Observatório buscou acompanhar as evoluções no debate acerca da violência política. Esse boletim de outubro considera uma série de atos violentos até então não tratados em nossa análise, como silenciamento, roubo e furto, vandalismo, assédio sexual, entre outros", destaca.

Observatório da violência política e eleitoral - Número de casos por mês

As violências físicas, na maior parte agressões, e psicológicas, como ameaças e intimidações, são as mais frequentes, com 242 relatos, enquanto os outros 81 se referem a violências de outras naturezas, como desqualificação, objetificação, roubo, vandalismo, assédio, importunação e ameaças de estupro.

O Observatório também divulgou o relatório Breve panorama da violência política e eleitoral no 1° turno das eleições municipais de 2024, no qual apresenta uma análise específica relacionada a violências cometidas contra candidatos e pré-candidatos para os cargos municipais deste ano. Os pesquisadores encontraram 311 registros até 2 de outubro: 83 contra pré-candidatos e 228, contra candidatos. Nos dois casos, os ataques a familiares das vítimas também foram contabilizados.

A chegada do período eleitoral elevou o número de agressões, que passou de dois por mês, em janeiro, para 149 em setembro. Em uma análise regional, o Nordeste aparece em primeiro lugar, com 132 (42,4%) manifestações, seguido do Sudeste, com 108 (34,7%). Entre os estados, São Paulo (50), Rio de Janeiro (43) e Bahia (29) têm a política mais violenta do país.

As violências físicas e psicológicas, com predomínio de agressões e ameaças, são as mais praticadas. Houve também registros de variações mais extremas, como tentativas de homicídio (53) e homicídio (35) — o Rio de Janeiro é o mais impactado nessa estatística, com 17 registros.

O OVPE da Unirio classificou as vítimas por sua filiação partidária, e quase todos os partidos foram alvos de ataques. No levantamento, ao menos um pré-candidato ou candidato de 23 dos 29 partidos sofreu algum tipo de violência no período analisado. A maior delas é do União Brasil (38), seguido de PT (36), MDB (34) e PL (32).

Ante o panorama, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, anunciou, no domingo, a criação do Observatório Permanente Contra a Violência Política, com objetivo de estabelecer uma base para o enfrentamento efetivo a esses tipos de crimes.

 

Mais Lidas