O governo federal suspeita que CPFs de beneficiários do Bolsa Família estão sendo usados por empresas de bets para lavagem de dinheiro. O tema foi discutido em reunião ministerial nesta quinta-feira (3/10), convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A preocupação foi externada pelo ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, em coletiva de imprensa após o encontro.
“Estamos falando de um problema de jogos que atinge 52 milhões de brasileiros. Cerca de metade da população adulta. No público do Bolsa Família, estamos falando de aproximadamente 17% dos adultos. Não é razoável que a gente entre nessa de querer demonizar o público do Bolsa Família”, comentou o ministro. “No combate à lavagem de dinheiro, apresentamos a providência de examinar se não estão utilizando CPFs desse público do Cadastro Único”, acrescentou.
Segundo interlocutores do governo que participaram do encontro, avaliações preliminares apontam que parte dos gastos do Bolsa Família com apostas pode ser fruto de lavagem de dinheiro público. Estudo do Banco Central mostrou que, em agosto, os beneficiários gastaram R$ 3 bilhões. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, garantiu que a Polícia Federal está investigando os crimes ligados às bets.
Bolsa Família permanece sem restrição
O encontro não apresentou definições sobre o uso do cartão do Bolsa Família para apostas. Segundo Dias, Lula autorizou restrições, mas a pasta não deve bloquear o uso dos recursos nas bets, o que poderia ser classificado como discriminação. Por enquanto, o uso continua liberado. A lógica do programa é que o valor seja de livre uso pelo beneficiário.
No geral, o governo vai aguardar os resultados do bloqueio das duas mil empresas ilegais de bets na semana que vem para avaliar quais medidas adicionais serão tomadas.