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Assédio de Silvio Almeida sobre Anielle Franco vinha desde a transição

Ministra afirma à PF que as abordagens do ex-colega de governo Lula começaram em 2022, quando ambos faziam parte do grupo direitos humanos na passagem de governo, e que tentou fazê-lo parar

Em depoimento ontem à Polícia Federal (PF), a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, afirmou que o assédio sexual que sofria de Silvio Almeida começou ainda durante a transição de governo, em 2022. Conforme assegurou na oitiva, as "abordagens inadequadas" foram se intensificando com o tempo, mesmo depois de uma tentativa em resolver a situação dialogando com o ex-ministro dos Direitos Humanos e Cidadania.

O depoimento à PF durou aproximadamente uma hora e Anielle não quis comentar o assunto com a imprensa. De acordo com fontes da corporação, as declarações da ministra foram gravadas e serão transcritas — daí o motivo de ela ter ficado pouco pouco tempo na sede da PF.

As acusações contra Silvio Almeida vieram a público em 6 de setembro, depois que várias mulheres denunciaram o ex-ministro à ONG Me Too Brasil — que presta apoio às vítimas de violência sexual. A divulgação dos episódios de assédio foi feita com consentimento das vítimas, porém, sem que a identidade delas fosse divulgada — exceto o nome de Anielle.

Silvio Almeida foi demitido menos de 24h depois que as acusações tornaram-se públicas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou que o caso relacionado à ministra fosse apurado pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Advocacia-Geral da União (AGU), e acompanhado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.

Um inquérito foi aberto pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 17 de setembro. Segundo informações passadas ao Correio, a PF ouvirá primeiro as mulheres que acusam Silvio Almeida e, depois, o ex-ministro — cujo depoimento não tem data marcada. Por sua vez, a AGU informou que "espera e confia que a investigação ocorra de forma justa e adequada, garantindo a todas as partes que seus direitos constitucionais sejam integralmente respeitados".

O ex-ministro nega todas as acusações e pediu à Justiça esclarecimentos à ONG Me Too. Sua última manifestação nas redes sociais foi uma nota à imprensa informando que teria pedido a Lula que o demitisse para "conceder liberdade e isenção às apurações". Com a demissão, o comando do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania foi entregue à professora e deputada estadual licenciada de Minas Gerais Macaé Evaristo.

Anielle e Silvio Almeida se conheceram nos trabalhos do grupo técnico de Direitos Humanos, durante a transição governamental do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro para o de Lula.

 

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