eleições municipais

Na reta final, Ricardo Nunes patina e Tabata Amaral emerge

Candidata do PSB, mais uma vez, tenta se sobressair diante dos rivais com propostas para São Paulo. Prefeito gasta tempo respondendo a acusações de Boulos e a ataques pessoais de Marçal, e fica vulnerável aos adversários no fim do encontro

Tabata Amaral tentou apresentar propostas e, por isso, sofreu ataque misógino de Pablo Marçal; Ricardo Nunes teve dificuldades de explicar inconsistências em contratos públicos; Marçal, permanentemente provocativo, quis arrancar explicações de Nunes sobre um boletim de ocorrência por violência doméstica; e Guilherme Boulos, em vários momentos, colocou-se ao lado de Marçal contra Nunes na cobrança por respostas. Tais atuações resumem o 10º debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, promovido nesta segunda-feira (30/9) pelo Uol/Folha de S.Paulo. O último encontro entre os postulantes será na quinta-feira (3/9), na Rede Globo.

O evento não contou com José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo). Foram convidados apenas os mais bem colocados na disputa, segundo mais recente levantamento do Datafolha. Cada postulante teve 20 minutos para responder às perguntas feitas entre eles, de jornalistas e para comentarem o que cada um disse.

 

 

Dos quatro, quem pior administrou o banco de tempo foi Nunes (MDB). Boulos (PSol) e Marçal (PRTB) foram implacáveis ao cobrar-lhe explicações para temas nos quais o prefeito e candidato à reeleição patinou. Foi indagado sobre desvios de recursos relacionados às creches municipais, investigação pelo Ministério Público de São Paulo e favorecimento de empresas em concorrências para a realização de obras.

Mas o que o desequilibrou foi a insistência de Marçal para que explicasse um boletim de ocorrência sobre violência doméstica. Por conta disso, Nunes fez uma declaração de amor à mulher — que teria registrado o BO — e pediu-lhe desculpas por uma questão íntima ser explorada pelos rivais.

Os ataques de Marçal, de um lado, e de Boulos, de outubro, fizeram com que o prefeito esgotasse o tempo bem antes dos rivais. Assim, ficou vulnerável para ser criticado sem que pudesse retrucar. Mais: deu um argumento aos dois adversários — insistiram que como Nunes não soube administrar o banco de tempo, não teria qualificação para gerir São Paulo.

Ainda assim, Nunes e Boulos duelaram sobre o relatório no qual o candidato o PSol foi favorável, no Conselho de Ética da Câmara, à absolvição do deputado André Janones (Avante-MG) da acusação de rachadinha. "Me impressiona ele trazer esse tema aqui. Ele, que é aliado do (senador) Flávio Bolsonaro, o rei da rachadinha. Ele é o rei do camarote. Enquanto dois milhões de pessoas estavam sem luz, estava em um camarote da Fórmula 1. Na acusação da máfia das creches, foi acusado de receber cheques de rachadinha das creches em sua conta", rebateu Boulos.

Misoginia

Tabata tentou não ser tragada pelos golpes baixos, e sem conexão com os assuntos da cidade, dos adversários. Exatamente por isso foi atingida pelo comentário misógino de Marçal — disse que mulher não vota em outra mulher.

"Mulher não vota em mulher porque é inteligente. Assim como pobre não vota em pobre. Se mulher votasse em mulher, você (Tabata) ganharia em primeiro turno", provocou o candidato do PRTB.

"Marçal não estará no segundo turno porque tive coragem de desmascará-lo. Deve ser por isso que odeia tanto as mulheres, e vem aqui dizer que mulher que é inteligente não vota em mulher. A única coisa que dispara nessa eleição é sua rejeição", rebateu Tabata.

Para amenizar, Marçal disse que a considera muito "inteligente" e que a convidaria para cuidar da educação em uma eventual gestão — a candidata disse logo que jamais aceitaria. Tabata ainda criticou Nunes e Boulos ao afirmar que nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tampouco o ex-presidente Jair Bolsonaro — padrinhos dos candidatos do PSol e do MDB — têm espaço na eleição paulistana.

Assim como Nunes, Boulos foi atacado por Marçal em um tema pessoal. O postulante do PRTB voltou a insinuar que o rival do PSol usava drogas e que isso o levara à internação.

"A baixaria do Marçal não tem limite. Aos 19 anos, fiquei internado por causa de uma depressão crônica. Lidei com ela, venci a depressão e segui em frente, que é o que desejo para todo mundo que enfrenta depressão. Nunca usei cocaína. Não uso drogas. Maconha eu provei uma vez, na adolescência. Me deu uma dor de cabeça danada, e nunca mais", respondeu.

 


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