O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta terça-feira, o prefeito eleito de Fortaleza, Evandro Leitão. Ele será o único petista a comandar uma capital desde 2020 e representa a maior vitória do partido e do chefe do Executivo nas eleições deste ano.
Leitão veio a Brasília com o governador cearense e seu cabo eleitoral, Elmano de Freitas (PT). O encontro, no Palácio do Planalto, foi breve. O ministro da Educação, Camilo Santana, esteve presente. Ele participaria de eventos do G20 em Fortaleza, mas foi chamado por Lula para a reunião com Leitão, a quem apoiou na disputa eleitoral. Ainda compareceu o senador Cid Gomes (PSB-CE), irmão do ex-ministro Ciro Gomes — ele deu apoio discreto ao prefeito eleito e apenas no segundo turno, já que, no primeiro, esteve ao lado de José Sarto (PDT).
"Com muita alegria, recebi o prefeito eleito de Fortaleza, Evandro Leitão, ao lado do governador Elmano e do ministro da Educação, Camilo Santana. Assim como trabalhamos pelo Brasil, faremos ainda mais pelo Ceará. Não combinamos as gravatas, mas acertamos na cor", escreveu Lula no X. Na foto oficial do encontro, todos estão com gravatas vermelhas, a cor do PT.
A reunião não estava prevista na agenda oficial de Lula. O único compromisso do presidente no dia era um encontro com a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck. Depois, os compromissos foram atualizados, com a inclusão do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, e com o ministro da Defesa, José Múcio. À tarde, o presidente ficou no Palácio da Alvorada. Porém, a chegada do governador e do prefeito foi presenciada por jornalistas.
Elmano de Freitas confirmou, ao Correio, que estará, amanhã, no encontro de Lula com os governadores para discutir a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança — um novo plano para a área.
Fortaleza foi o mais importante resultado eleitoral para o PT neste ano. A vitória, no entanto, foi extremamente apertada. Leitão se elegeu no segundo turno com 50,38% dos votos contra o bolsonarista André Fernandes (PL), que teve 49,62%. Em números absolutos, a diferença entre os dois foi de apenas 11 mil votos.
A disputa na capital cearense foi uma das que contaram com maior participação do presidente. Ele esteve na convenção que oficializou a candidatura de Leitão, no início de agosto, e marcou presença em um comício com o candidato, em outubro, após o primeiro turno.
Leitão também teve apoio de Camilo Santana, ex-governador do Ceará. O ministro se emocionou durante o discurso de vitória, na noite de domingo, ao lado do futuro prefeito.
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Mesmo com o resultado apertado em Fortaleza, a eleição de Leitão é um dos poucos motivos que o PT tem para comemorar nas eleições municipais. A legenda obteve um crescimento modesto no número de prefeituras, atingindo 252, mas apenas uma capital. Havia uma expectativa maior, pois a sigla comanda o governo federal e tem um dos mais importantes líderes políticos do país como presidente da República.
Lideranças do partido, até mesmo Lula, vieram a público admitir que o PT precisa repensar sua estratégia para o futuro. A Executiva Nacional da legenda se reuniu na segunda-feira para discutir justamente a performance nas eleições, em encontro marcado por tensão contra nomes acusados de criticar publicamente o PT.
Um deles foi o ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha. Ele disse em coletiva de imprensa que o partido entrou na "Z4", ou a zona de rebaixamento, desde 2016 e ainda luta para sair.
Os comentários de Padilha provocaram a reação da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann: "Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças", publicou no X. "Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados. Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula presidente, quando poucos acreditavam."
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