Nas Entrelinhas

Análise: Bolsonaro disputa segundo turno contra aliados

O ex-presidente quer remover eventuais candidaturas competitivas de aliados em 2026, no espaço vazio criado pela sua inelegibilidade

Tarcísio de Freitas, Jair Bolsonaro e Ricardo Nunes -  (crédito:  Divulgação/MDB-SP)
Tarcísio de Freitas, Jair Bolsonaro e Ricardo Nunes - (crédito: Divulgação/MDB-SP)

A disputa política mais importante para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua sendo a de São Paulo, na qual mantém a liderança o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que, nesta terça-feira, almoçou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O ex-presidente Michel Temer (MDB) também estava no evento. A rigor, a disputa de Lula em São Paulo é mais com Tarcísio do que com Bolsonaro.

Candidato à reeleição, Nunes (MDB) teria 51,7% das intenções de voto no segundo turno. Já Guilherme Boulos (PSol), 39,6%, segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas divulgado nesta terça-feira. Votos em branco, nulo e nenhum somam 5,3%. Outros 3,4% não souberam ou não responderam à pesquisa. Foram ouvidos 1.500 eleitores entre 18 e 21 de outubro. Nesta quarta-feira, deve ser divulgada uma nova pesquisa da Quaest; Nesta quinta-feira, será a vez do DataFolha.

Aparentemente, no segundo turno, Bolsonaro está mais empenhado em remover eventuais candidaturas competitivas de aliados em 2026, no espaço vazio criado pela sua inelegibilidade. Ao contrário de São Paulo, onde rejeitou o apoio a Pablo Marçal (PRTB), em outras capitais o ex-presidente da República lançou candidatos com o propósito de derrotar aliados que ensaiam candidaturas presidenciais.

Mui amigos

Em Goiânia, Bolsonaro confrontou o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que não esconde o desejo de se candidatar à Presidência em 2026. Uma derrota humilhante na capital goiana mataria a pré-candidatura do União Brasil no nascedouro. Caiado reagiu.

Sandro Mabel (União Brasil) havia ficado em segundo lugar no primeiro turno, com 27,66% dos votos válidos, atrás de Fred Rodrigues (PL), o candidato de Bolsonaro, que teve 31,14%. Na quinta-feira passada, Mabel havia virado a eleição, com 46% das intenções de voto, à frente de Rodrigues (39%), segundo a Quaest.

Situação semelhante é a de Curitiba, com uma disputa acirrada entre o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), candidato do governador Ratinho Junior (PSD), outro possível candidato à Presidência, e a jornalista Cristina Graeml (MDB), que foi apoiada por Bolsonaro no primeiro turno.

Segundo AtlasIntel, em 16 de outubro, Pimentel tinha 49% e Graeml, 44,9%. Pimentel ainda tem esperança de que Bolsonaro não vá à capital paranaense fazer campanha para a sua adversária. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, pediu ajuda ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para convencer Bolsonaro a sair da disputa.

Em Belo Horizonte, o governador Romeu Zema (Novo) anunciou neutralidade no segundo turno. Já houve uma virada eleitoral. O prefeito Fuad Noman (PSD) ficou em 2º lugar no primeiro turno, com 26,54%, atrás de Bruno Engler (PL), o candidato de Bolsonaro, com 34,38%. No levantamento divulgado na quarta (16), Noman aparece com 46% das intenções de voto no 2º turno, à frente de Engler, que tem 37%. Havia expectativa no PL de que Zema apoiasse Engler.

Bolsonaro ainda não desistiu de disputar a Presidência nas eleições de 2026, apesar de inelegível. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tem reiterado essa possibilidade e articula a aprovação de uma anistia para os envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 e para o ex-presidente. Projeto de anistia em tramitação no Congresso vem sendo utilizado como moeda de troca pela bancada do PL, que tem 95 deputados, a maior da Câmara, nas negociações da sucessão de Arthur Lira (PP-AL). Além disso, caso permaneça inelegível, o candidato do PL seria o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos filhos do ex-presidente.

Outras capitais

O PL disputa o segundo turno com a faca nos dentes em Aracaju, Belém, João Pessoa e Manaus. Em Aracaju, Emília Correa (PL) teve 41,62% no 1º turno, ante 23,86% de Luiz Roberto (PDT). Em Belém, Igor Normando (MDB) teve 44,89% no 1º turno, ante 31,48% de Delegado Eder Mauro (PL). Em João Pessoa, Cícero Lucena (PP) teve 49,16% no 1º turno, ante 21,77% de Marcelo Queiroga (PL). Em Manaus, segundo o Real Time Big Data, em 15 de outubro, o deputado federal Alberto Neto (PL) aparece com 51%, e prefeito Davi Almeida, com 49%.

O PT disputa o segundo turno em Porto Alegre, Natal e Fortaleza. Em Porto Alegre, pesquisa Quaest na quinta-feira (17) aponta para a reeleição do prefeito Sebastião Melo (MDB), com 52% das intenções de voto. A deputada federal Maria do Rosário (PT) tem 30%. Em Natal, a Paraná Pesquisas aponta liderança do empresário Paulinho Freire (União Brasil), com 50,9% sobre a deputada federal Natália Bonavides (PT), com 38%. Em Fortaleza, o deputado federal André Fernandes (PL) teria 45% das intenções de voto; e o deputado estadual Evandro Leitão (PT), 43%, segundo o DataFolha divulgado na quinta-feira. Empate técnico em Cuiabá, entre o deputado federal Abílio Brunini (PL), com 44%, e o deputado estadual Lúdio Cabral (PT), 41%, de acordo com pesquisa Quaest de 16 de outubro.

 

 

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postado em 23/10/2024 03:55
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