Na manhã desta terça-feira, 8, o ex-presidente Jair Bolsonaro conversou por vídeo com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o presidente do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP). Durante a conversa, Bolsonaro se colocou à disposição para ajudar o prefeito no segundo turno e falou até em marcar agendas com sua presença na capital paulista. No primeiro turno, o ex-presidente havia se mantido distante da disputa municipal.
Aliados de Nunes e Bolsonaro avaliaram o encontro virtual como positivo e agora garantem que não há mais ruídos entre a campanha e o ex-presidente. A articulação para definir a agenda conjunta ficará a cargo do coronel Ricardo Mello Araújo (PL), candidato a vice na chapa de Nunes que foi indicado ao posto por Bolsonaro.
Nunes afirmou nesta quarta-feira, 9, que os detalhes de uma agenda conjunta estão sendo negociados por Mello Araújo com Bolsonaro e que um café da manhã do prefeito com lideranças da direita e deputados do PL pode ocorrer já na próxima semana. "Conversei com ele (Bolsonaro) ontem (terça-feira), à meia-noite. Ele disse: 'pede para o Ricardo Nunes me ligar e vamos acertar essa agenda'", contou o vice na chapa de Nunes
Integrantes do alto escalão da campanha de Nunes consideram que a participação de Bolsonaro no segundo turno será essencial para atrair lideranças da direita e fortalecer o apoio do eleitorado conservador ao prefeito, especialmente após Pablo Marçal (PRTB) ter rejeitado declarar voto em Nunes. O ex-coach, que passou a campanha atacando o "comunismo" e a "esquerda", divulgou uma nota liberando seus eleitores para votarem "de acordo com suas convicções".
Enquanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) participou ativamente da campanha de Ricardo Nunes no primeiro turno - gravando inserções para o horário eleitoral e mobilizando aliados na reta final -, Bolsonaro manteve distância e fez declarações ambíguas sobre Nunes e Marçal ao longo da disputa. O ex-presidente chegou a posar ao lado do ex-coach com a medalha de "imbrochável", "imorrível" e "incomível" e, num determinado momento da campanha, admitiu que o prefeito não era seu "candidato dos sonhos".
Na semana da eleição, com pesquisas indicando a migração de eleitores bolsonaristas de Nunes para Marçal, aliados de Bolsonaro - incluindo o governador de São Paulo - intensificaram a pressão para que o ex-presidente declarasse apoio ao prefeito novamente, tentando conter a debandada que ameaçava tirar o emedebista do segundo turno.
Nos bastidores, Bolsonaro dizia que não havia clima para gravar uma mensagem de apoio a Nunes, alegando que se sentiu desprezado pela campanha ao longo de toda a corrida eleitoral. Acabou, porém, convencido por aliados e, em uma transmissão ao vivo ao lado de Mello Araújo, reafirmou que seu candidato na capital é Nunes, fazendo críticas veladas a Pablo Marçal. "Quem está batendo asas por aí, está iludido com o que está acontecendo, é o que eu chamo de 'amor de verão'. Vê se você está escolhendo com razão, e não com emoção", declarou o ex-presidente.
O pastor Silas Malafaia criticou a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro durante o primeiro turno, classificando como "dúbio" o comportamento dele em relação à disputa pela Prefeitura de São Paulo. "Toda a campanha, não teve uma palavra de apoio ao Nunes. É como se a eleição de São Paulo não existisse. Que conversa é essa? Bolsonaro é um líder e eu continuo apoiando ele, mas errou estupidamente", afirmou Malafaia ao Estadão. Em resposta, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), "filho 01", disse que "roupa suja se lava em casa, e não em público".
Bolsonaro rebateu as críticas do pastor. "Ele ligou a metralhadora, mas isso passa", disse o ex-presidente nesta terça-feira, 8. "Eu amo o Malafaia. Ninguém critica mulher feia", completou, em entrevista ao jornal O Globo.
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