eleições municipais

Eduardo Paes atropela o bolsonarismo no Rio de Janeiro

Prefeito se reelege no primeiro turno com mais de 60% dos votos. Representante do ex-presidente Jair Bolsonaro, deputado Alexandre Ramagem alcança os 30%

Esforço do prefeito também será o de resistir às pressões para disputar o Palácio Guanabara em 2026 -  (crédito: Renan Areias/Estadão Conteúdo)
Esforço do prefeito também será o de resistir às pressões para disputar o Palácio Guanabara em 2026 - (crédito: Renan Areias/Estadão Conteúdo)

A reeleição de Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro significa uma grande derrota de Jair Bolsonaro. Não somente porque se manteve na Prefeitura carioca com 60,47% dos votos, mas, também, porque foi bem-sucedido em não dar argumentos para o crescimento do candidato do ex-presidente, o deputado federal Alexandre Ramagem — que confirmou o teto previsto e fechou em 30,81%. O esforço de Paes, de agora em diante, passa a ser outro: resistir às pressões para que não seja intimado a disputar o governo do estado, em 2025, como candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na coletiva que concedeu, ontem, logo depois que sacramentou a reeleição, Paes fez questão de destacar o amplo leque de apoio de partidos aos seu lado. Fez questão de citar nominalmente os deputados federais Otoni de Paula (MDB), Jandira Feghalli (PCdoB) e Benedita da Silva, além da deputada estadual Marta Rocha (PDT) e dos ex-deputados Marcelo Calero (PSD) e Alessandro Molon (PSB). Essa reunião de forças costurada pelo prefeito — com o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente do PSD, Gilberto Kassab — deu a exata medida que o pano de fundo era a derrota de Bolsonaro no seu principal reduto político, a cidade do Rio de Janeiro.

Trampolim

A conquista da prefeitura da capital fluminense dá a Paes uma boa plataforma para tentar buscar apoio no restante do estado, numa eventual disputa pelo Palácio Guanabara contra Cláudio Castro — que não se empenhou pela eleição de Ramagem, deixando que o fardo fosse carregado apenas por Bolsonaro e seus filhos. O prefeito fica em boas condições de, eventualmente, ser mais um interlocutor com os colegas da Baixada Fluminense, composta por municípios que gravitam em torno da capital.

Do lado do bolsonarismo, o momento no Rio de Janeiro é de reaglutinar as forças. A avaliação é de que Ramagem, ao tentar trazer para a disputa questões relacionadas à segurança, acabou deixando o governador exposto às críticas. Além disso, o ex-presidente se empenhou muito no início da corrida eleitoral, mas na reta final, apareceu menos do que deveria.

Há, porém, o temor de que Castro receie em ter o apoio do ex-presidente. Ainda que vários candidatos que tiveram o respaldo dele tenham se saído bem nas urnas, para que o Palácio Guanabara não caia nas mãos de um aliado de Lula fica a percepção de que Bolsonaro terá de se empenhar muito mais — mesmo porque, em 2026, duas vagas ao Senado estarão em jogo e a dobradinha com o governador é importante para os planos da extrema-direita de aumentar a presença na Casa do Congresso.

Paes se tornará o prefeito com mais tempo à frente da capital fluminense. Em 2 de janeiro de 2025, quando tomar posse, chegará a 4.384 dias no comando do município. Caso fique até o fim do mandato recém-conquistado, serão 5.844 dias à frente do Rio de Janeiro.

Paes repetiu, ontem, a performance das eleições de 2012, quando também venceu no primeiro turno — e conquistou 64% dos votos válidos.

 

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postado em 07/10/2024 03:55
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