Um estudo divulgado pelo cientista político Murilo Mendes revela um expressivo enxugamento partidário nas eleições municipais de 2024, principalmente no lançamento de candidaturas para o cargo de vereador. A pesquisa mostra que cada vez menos partidos conseguem lançar candidatos nas disputas municipais.
Em 2016, três municípios brasileiros registraram a participação de apenas dois partidos na corrida para o cargo de vereador, representando cerca de 0,05% do total de municípios. Já em 2024, esse número saltou para 236 cidades, ou seja, aproximadamente 4,2% dos municípios do Brasil. Ainda segundo o levantamento, neste ano há 10 municípios com apenas um partido concorrendo a uma cadeira na Câmara dos Vereadores.
- Leia também: Eleição municipal: é possível votar fora do domicílio eleitoral?
- Leia também: 'Não votei em 2022, posso votar em 2024?'; especialistas respondem
Segundo Mendes, o principal fator para essa redução de partidos nas disputas é o aumento das fusões, incorporações e extinção de agremiações políticas. “Nos últimos anos, presenciamos uma série de fusões, incorporações e extinções de agremiações no Brasil. Em 2016, 35 partidos estavam registrados no Brasil. Na eleição de 2020, eram 33 partidos em funcionamento. Em 2024, esse número caiu para 29. Como consequência, tivemos uma redução significativa na quantidade de candidaturas municipais: o pleito de 2024 registrou o menor número de candidatos desde 2008”, explica o especialista.
O levantamento foi realizado com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e reflete uma tendência de redução no número de partidos, o que tem impacto direto na representatividade e diversidade política nas câmaras municipais. “O enxugamento partidário proporciona um impacto positivo na organização das disputas políticas: ajuda a ampliar o escrutínio da sociedade sobre o Executivo e o Legislativo, fortalece os partidos políticos, facilita a governabilidade de prefeitos eleitos e melhora a representatividade parlamentar. O processo político partidário fica mais simples, racional e transparente, melhorando a compreensão do eleitor sobre os partidos e os candidatos. O desafio é oferecer ao eleitor menos “sopa de letras” partidária e mais compromisso programático e ideológico das legendas. Formar e estruturar partidos que realmente representem a sociedade brasileira", explica Murilo.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br