guerra no oriente médio

Governo começa operação para repatriar brasileiros no Líbano

Grupo que vive no Líbano aguarda a chegada de jato da FAB, que deixa hoje a Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. A aeronave ficará em Lisboa à espera do sinal verde da diplomacia. Um corredor terá de ser aberto para efetuar o resgate

 Smoke rises from the site of an Israeli airstrike that targeted a neighborhood in Beirut?s southern suburb early on October 1, 2024. The Israeli military said Tuesday troops have started "targeted ground raids" in villages of southern Lebanon. The incursions backed by airstrikes and artillery began "a few hours ago" and are targeting militant group Hezbollah "in villages close to the border" with Israel, a military statement said. (Photo by Fadel ITANI / AFP)
       -  (crédito:  AFP)
Smoke rises from the site of an Israeli airstrike that targeted a neighborhood in Beirut?s southern suburb early on October 1, 2024. The Israeli military said Tuesday troops have started "targeted ground raids" in villages of southern Lebanon. The incursions backed by airstrikes and artillery began "a few hours ago" and are targeting militant group Hezbollah "in villages close to the border" with Israel, a military statement said. (Photo by Fadel ITANI / AFP) - (crédito: AFP)

Com a escalada acentuada do conflito no Oriente Médio, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, ontem, a repatriação de brasileiros que estão no Líbano. A Operação Raízes do Cedro tem início hoje, com a saída de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) rumo a Beirute, onde está previsto o embarque de 220 pessoas.

"A Embaixada no Líbano está tomando as providências necessárias para viabilizar a operação, em contato permanente com a comunidade brasileira e em estreita coordenação com as autoridades locais. O governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, a realização de operações militares terrestres do exército de Israel no Sul do Líbano, em violação ao direito internacional, à Carta da ONU e a resoluções do Conselho de Segurança. Também deplora a continuidade dos ataques aéreos israelenses a várias regiões do país, que provocaram, desde o dia 17, a morte de mais de mil pessoas, incluindo dois adolescentes brasileiros e seus pais, assim como um saldo de milhares de feridos", destaca o comunicado do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Para a volta dos brasileiros, a FAB disponibilizará uma aeronave KC-30. O jato tem previsão de decolar hoje da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, com escala prevista em Lisboa, antes de chegar a Beirute. A aeronave ficará na capital portuguesa à espera de um sinal verde do MRE — que trabalha para deixar aberto um corredor pelo qual seja possível fazer os resgates. A tripulação será composta, além da equipe de voo, por militares da área de saúde — médico, enfermeiro, psicólogo (saiba mais no infográfico ao lado).

Fontes do MRE e do Ministério da Defesa ouvidas pelo Correio afirmam que o Brasil está cadastrando todos os interessados em retornar e passando a lista de nomes ao governo do Líbano para agilizar a liberação daqueles que pretendem deixar o país. No sábado passado, uma reunião entre diplomatas brasileiros e libaneses discutiu a logística da repatriação. O MRE trabalha com a expectativa de que até 5 mil pessoas precisem de ajuda para voltar ao Brasil — o que dá a entender que o jato que deixa o Brasil hoje é apenas o primeiro de vários que farão a ponte Rio de Janeiro-Beirute.

Chegada pelo norte

O KC-30 deverá entrar no espaço aéreo libanês pelo norte, via Mar Mediterrâneo, para evitar a zona de guerra entre o Hezbollah e as forças israelenses. Todo o sul do país árabe está fechado desde ontem, por conta dos mísseis lançados pelo Irã sobre o território de Israel. A rota de repatriação, porém, pode ser alterada (ou mesmo temporariamente suspensa) por questões de segurança.

A FAB ressaltou que o trajeto Rio de Janeiro-Lisboa-Beirute-Lisboa-Rio de Janeiro é apenas uma previsão, que pode ser alterado a fim de manter a logística para que os brasileiros sejam trazidos de volta não fique prejudicada.

O MRE criou um grupo no WhatsApp com brasileiros que moram no Líbano em que divulgaram, na última semana, um formulário para que os interessados em deixar o país fornecessem os dados pessoas. A comunidade brasileira no Líbano é a maior do Oriente Médio, composta de 21 mil pessoas.

A professora Aline Arruda, de Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília, considera que a rota de saída via capital do Líbano ainda é a mais eficiente. "O aeroporto de Beirute está aberto. Mas, em situação de guerra, pode fechar a qualquer momento. A melhor escolha é a que priorize a questão humanitária, sem grandes implicações políticas. O recomendável é que seja a mais neutra possível, que não tome lados nesse conflito", observou.

Segurança

O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Antonio Jorge Ramalho destaca que o fator primordial é a segurança dos cidadãos a serem evacuados.

"Israel sinalizou que se restringirá à fronteira sul, onde, supostamente, se concentrariam os alvos que almeja. Convém, pois, escolher rotas que evitem as cidades ao sul do Líbano. E convém evacuar o máximo de pessoas dispostas a sair agora. Tudo indica que será uma questão de tempo até se ampliarem os ataques, como ocorreu em 2006", advertiu.

Uma das que estão prontas para voltar ao Brasil é Zeinab Yassine, filha de pais libaneses. Ela se mudou para o Líbano quando casou e espera, ansiosamente, pelo retorno. "A expectativa é grande. Estou contando os dias para sair dessa situação de guerra. É muito complicado ver meus filhos com medo, é algo que não quero que vivam nunca mais", disse Zeinab, mãe de Mohamad, de seis anos, e Ali, de 10.

 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 02/10/2024 03:55
x