A nova ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, tomou posse, junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta sexta-feira (27/9), no Palácio do Planalto. No palco estavam Lula e as ministras Anielle Franco, de Igualdade Racial, Nísia Trindade, da Saúde, Cida Gonçalves, das Mulheres, Esther Dweck, da Gestão e Inovação, e Marina Silva, do Meio Ambiente.
Para dar início a cerimônia, a escritora e prima de Macaé, Conceição Evaristo, recitou uma poesia falando sobre as mulheres negras. “A voz de minha avó ecoou obediência aos brancos, donos de tudo. A voz de minha mãe ecoou baixinho revolta. Na voz de minha filha, o eco de vida e liberdade”, declamou emocionada a poetisa.
Macaé, então, fez seu primeiro discurso como ministra, enquanto era ovacionada pelo público que lotava a cerimônia. “Infelizmente, na sociedade brasileira, tem a concepção de que direitos
humanos é coisa de quem defende bandido e aí a gente tem um desafio. A gente precisa entender a tensão entre a afirmação e negação dos direitos humanos. No cenário global, a gente enfrenta uma nova investida do capital, que aposta da segregação racial e ambiental”, defendeu a ministra dos Direitos Humanos.
Citando símbolos do movimento negro, como Zumbi dos Palmares e Dandara Pagu, Macaé defendeu as mulheres negras. “Quero dialogar com a população brasileira que a palavra direitos humanos parece não fazer sentido nenhum: o segmento da sociedade de mulheres empobrecidas, negras, chefes de família, que são o maior recorte da nossa população. Para nós, o que faz sentido são as nossas famílias, mas diferentes formas. A gente quer casa, quer que nossos filhos não passem fome, saúde, educação. A gente quer que o estado brasileiro nos chide, mas também entende que a gente tem potência e capacidade”, finalizou Evaristo.
Lula não discursou durante a cerimônia, mas demonstrou empolgação com a posse de Macaé enquanto descia para a cerimônia no salão Nobre do Palácio do Planalto abraçado com a ministra.
Anielle Franco também não fez uso da palavra, mas esteve presente na cerimônia. A ministra da Igualdade Racial sofreu assédio sexual de Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos, demitido por conta das acusações. Ele está sendo investigado pela Polícia Federal e responderá às acusações no Supremo Tribunal Federal.
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