NOVA YORK

Lula nega contradição entre encontro com Shell e pauta climática na ONU

O presidente argumentou que o mundo ainda não está pronto para deixar de usar combustíveis fósseis. Segundo o petista, Shell só poderá explorar petróleo na Margem Equatorial quando o governo autorizar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou nesta quarta-feira (25/9) haver contradição entra a pauta ambiental que defendeu nas Nações Unidas e o encontro fora da agenda que teve com o CEO global da Shell, Wael Sawan, na segunda (23), em Nova York.

Segundo o petista, o mundo ainda não está no patamar necessário para abandonar os combustíveis fósseis, e justificou o encontro com a parceria entre Shell e Petrobras e o tempo em que a multinacional do petróleo está instalada no Brasil.

"Eu não estou vendo nenhuma contradição. Eu recebi um empresário [de uma companhia] que está simplesmente há 100 anos no Brasil. Eu tenho 78 anos, significa que, quando eu nasci, a Shell já estava no Brasil há 22 anos. E é uma empresa que tem contribuído dentro das exigências da política energética do Brasil", respondeu Lula ao ser questionado durante coletiva de imprensa, logo antes de embarcar de volta ao Brasil.

O encontro com Sawan não estava na agenda oficial do presidente, e contou também com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Porém, o encontro causou desconforto em integrantes do governo brasileiro por contrariar o discurso do Brasil na própria ONU, em que Lula defendeu a transição energética e o fim das emissões de carbono.

Margem Equatorial

A Shell é uma das empresas que estão interessadas em explorar petróleo na Margem Equatorial, perto da Foz do Rio Amazonas, motivo de disputa interna no governo entre a Petrobras e os órgãos ambientais, que apontam riscos ao ecossistema e exigem comprovação da segurança.

"[A Shell é] Sócia da Petrobras em 60% dos postos leiloados, e ela só vai para a Margem Equatorial quando o governo brasileiro autorizar a Petrobras a fazer pesquisa na Margem Equatorial. Mas a gente ainda não está no mundo em que a gente possa dizer que vai acabar o combustível fóssil", afirmou o presidente.

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