NOVA YORK

Não podemos esperar outra tragédia mundial para reformar a ONU, diz Lula

Durante discurso na abertura da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, presidente criticou paralisação da ONU e defendeu que organização seja reformada para refletir o mundo atual

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (24/9), durante discurso na 79ª Assembleia Geral ONU, que é preciso uma "ampla revisão" da Carta das Nações Unidas. Para ele, o mundo não pode esperar uma tragédia como a Segunda Guerra Mundial para reformar a organização.

O petista argumentou que a ONU nunca esteve tão esvaziada, e que não reflete a participação de países menos desenvolvidos em seus principais mecanismos, como o Conselho de Segurança. 

 

"Não tenho ilusões sobre a complexidade de uma reforma como essa, que enfrentará interesses cristalizados de manutenção do status quo. Exigirá enorme esforço de negociação. Mas essa é a nossa responsabilidade. Não podemos esperar por outra tragédia mundial, como a Segunda Grande Guerra, para só então construir sobre os seus escombros uma nova governança global", argumentou Lula em seu discurso.

A ONU foi criada após a Segunda Guerra com o objetivo de prevenir novos conflitos e mediar a relação entre os países. O chefe do Executivo, porém, cita que nunca houve uma reforma abrangente na organização, que começou com 51 países, mas abarca atualmente 193.

"Várias nações, principalmente no continente africano, estavam sob domínio colonial e não tiveram voz sobre seus objetivos e funcionamento. Inexiste equilíbrio de gênero no exercício das mais altas funções. O cargo de secretário-geral jamais foi ocupado por uma mulher", criticou.

Reforma do Conselho de Segurança

Lula citou os pontos que o Brasil defendeu que sejam alterados na Carta das Nações Unidas, documento que define as regras e a estrutura da ONU. Para ele, é preciso transformar o Conselho Econômico e Social no principal foro para o combate às mudanças climáticas, revitalizar o papel da Assembleia Geral, fortalecer a Comissão de Consolidação da Paz e reformar a composição do Conselho de Segurança.

"A exclusão da América Latina e da África de assentos permanentes no Conselho de Segurança é um eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial. Vamos promover essa discussão de forma transparente em consultas no G7, no G20, no Brics, na Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), no Caricom (Comunidade do Caribe e Mercado Comum), entre tantos outros espaços", disse ainda o presidente brasileiro.

Atualmente, apenas cinco países têm assentos permanentes e direito de veto no Conselho de Segurança: Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia.

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