Conselheiro da Associação Brasileira dos Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), Basílio Rodríguez Perez disse, ao Correio, nesta quarta-feira (18/9), que uma mudança no registro dos servidores do X permitiu que os brasileiros voltassem a ter acesso à rede social. Segundo ele, a alteração do IP (Protocolo de Internet), realizada na noite de ontem, pela própria empresa, torna o bloqueio da plataforma muito mais difícil a partir de agora.
“Está funcionando porque o X atualizou o aplicativo dele. Então, quem tem o aplicativo no celular foi atualizado durante a noite com a versão nova. E, nessa versão nova, ele está mudando a forma de trabalhar. Em vez de trabalhar usando os IPs do próprio X, ele está usando o proxy reverso do Cloudflare para poder acessar as redes. Mudou a forma de funcionamento”, explicou Basílio Rodríguez Perez.
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O Cloudflare foi uma das empresas contratadas para esse serviço. O bloqueio total do IP não seria viável, segundo o conselheiro, pois derrubaria outros sites, inclusive os do governo federal — que também usam o IP. “Isso criou um caminho alternativo. Sabemos que foi deliberado, é óbvio que foi deliberado. Foi mudado para poder voltar a funcionar”, destaca o conselheiro da Abrint.
“O bloqueio ficou muito mais difícil, muito mais complexo, porque dentro desse serviço não está apenas o X. Está o próprio governo, que tem sites no mesmo IP, imprensa tem site no mesmo IP, bancos têm sites no mesmo IP. Ou seja, se você bloquear esse IP, você pode bloquear metade da internet. Isso tudo só para tirar o X do ar”, enfatizou.
Ainda de acordo com ele, a solução para o caso pode demorar dias.
“A Abrint cumpre o que a Anatel determinar e dentro do que for tecnicamente viável. Neste momento, estamos apenas identificando o que está acontecendo e aguardando. Não temos o que fazer. Temos que aguardar uma definição. Com certeza, essa definição, se acontecer uma definição técnica, não vai ser imediata. Deve demorar alguns dias até ser solucionada”, concluiu o conselheiro.
Funcionamento parcial
Na manhã de hoje, usuários brasileiros relataram ter conseguido conectar o X no Brasil. Não há decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizando o uso da rede social no Brasil. Os provedores de internet, responsáveis pelo bloqueio, dizem que identificaram a atualização na plataforma que, na prática, dribla a restrição da rede.
Procurada, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou, em nota, que não houve mudança na decisão do Supremo e que realiza fiscalizações diárias e envia os relatórios ao Supremo. "A Anatel está verificando os casos informados", afirmou.
O X foi bloqueado em 30 de agosto após o dono da rede, o bilionário Elon Musk, descumprir uma série de ordens judiciais e se negar a indicar um representante legal no Brasil. O Marco Civil da Internet exige que as empresas tenham um agente responsável no país. A determinação de suspensão foi confirmada depois pela Primeira Turma do STF.