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Macaé Evaristo: ministra é filha de professora e lutadora pela igualdade

Deputada estadual em Minas tem uma atuação política voltada pelo combate ao racismo, e pela isonomia social e de oportunidades. Ela substitui Silvio Almeida, demitido por acusações de assédio sexual

Mineira de São Gonçalo do Pará, no centro-oeste do estado, Macaé Maria Evaristo dos Santos tem 59 anos, é formada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Filha de professora, as marcas de sua trajetória política são a promoção dos direitos das mulheres, o combate à discriminação racial e o fortalecimento da educação pública.

Macaé tornou-se professora em 1984, aos 19 anos. Graduou-se em Serviço Social e fez mestrado e doutorado em Educação. É prima da linguista e escritora Conceição Evaristo e deputada estadual pelo PT mineiro. Foi secretária nacional de Diversidade no Ministério da Educação, no governo Dilma Rousseff. Entre 2013 e 2014, foi titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC.

"Cheguei em Belo Horizonte e fui trabalhar no bairro Tupi, que é um bairro da região norte, que, ainda hoje, é a região com o menor IDH da cidade. Quando cheguei à primeira escola que eu trabalhei, a Sebastião Novaes, as famílias dormiam na fila para ter uma vaga para as crianças aos sete anos de idade. É uma coisa que me motivou muito. Imediatamente, fui trabalhar nessa escola e comecei a participar do movimento popular junto à associação de bairro. Era uma luta por moradia associada a uma luta por acesso à educação. As famílias não tinham educação para todos. Ainda estávamos na ditadura militar", contou Macaé, em entrevista ao projeto "Campanha de Mulher", desenvolvido, em 2018, pela Mídia Ninja e Ella (Rede Internacional de Feminismos).

A nova ministra dos Direitos Humanos e Cidadania atuou na coordenação de ações como a implantação de escolas indígenas e as cotas para ingresso de estudantes de escolas públicas, negros e indígenas no ensino superior. Macaé destacou-se como a primeira negra a ocupar os cargos de secretária municipal (2005 a 2012) em Belo Horizonte e estadual (2015 a 2018) de Educação — nas gestões de Marcio Lacerda (PSB) e de Fernando Pimentel (PT).

Como deputada estadual, Macaé é crítica ao governador Romeu Zema (Novo), aliado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista à Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, criticou a política de implantação de escolas cívico-militares, uma das bandeiras bolsonaristas na educação.

"Em Minas Gerais, o atual governador, que foi reeleito, tem um pensamento bem distinto. Ele é privatista. Mas, para além de querer privatizar a educação, é um governo também que compactuou com cortes na educação e que compactuou com essa ideia de uma escola cívico-militar, que, para mim, é uma ideia autoritária. Uma escola construída em uma égide autoritária, repressora, para as camadas populares, que inclusive atenta contra meninas negras que não podem usar o cabelo black", afirmou, em abril de 2023. (Com Agência Estado e Estado de Minas)

 

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