O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta sexta-feira (6/9) achar que "não é possível a continuidade no governo" do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, após as acusações de assédio sexual. Afirmou, porém, que o ministro tem direito de se defender das acusações.
O petista comentou o caso pela primeira vez desde que as denúncias vieram à tona, ontem (5). Ele vai se reunir na tarde de hoje com Silvio e com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, apontada como uma das vítimas de assédio.
"Nós vamos ter que apurar corretamente, mas eu acho que não é possível a continuidade no governo, porque o governo não vai fazer jus ao seu discurso, à defesa das mulheres, à defesa, inclusive, dos direitos humanos, com alguém que esteja sendo acusado de assédio", declarou em entrevista à Rádio Difusora de Goiânia.
Lula contou que ficou sabendo ontem do caso, e que pediu providências à Controladoria-Geral da União (CGU), à Advocacia-Geral da União (AGU), ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e à Comissão de Ética da Presidência da República, para que investiguem as acusações.
O chefe do Executivo enfatizou, porém, que Silvio tem o direito a se defender. "O que eu posso antecipar é o seguinte: alguém que pratica assédio não vai ficar no governo. Eu só tenho que ter o seguinte bom-senso, é preciso que a gente permita o direito à defesa, a presunção da inocência. Ele tem o direito de se defender", disse.
Futuro de Silvio no governo será decidido nas próximas horas
Questionado sobre o futuro de Silvio no governo, Lula afirmou que vai decidir como proceder ao voltar para Brasília, na parte da tarde. Uma das possibilidades é um afastamento para que o ministro responda às investigações, voltando caso prove sua inocência.
"Primeiro, vou conversar com mais três ministros. Vou conversar com mais duas mulheres que estão no governo, que não ministras, e depois eu vou conversar tanto com o Silvio quanto com a Anielle, porque é o seguinte: o governo precisa de tranquilidade", enfatizou o presidente, acrescentando que o governo está apresentando bons resultados.
"Eu não vou permitir que um erro pessoal de alguém, ou um equívoco de alguém, vá prejudicar o governo. Nós queremos paz e tranquilidade, e assédio não pode coexistir com a democracia, com o respeito aos direitos humanos e, sobretudo, com o respeito ao subordinado", concluiu Lula.