Redes sociais

X dribla bloqueio determinado pelo STF e volta a funcionar temporariamente

Atualização tornou plataforma disponível, mesmo com sanção determinada pelo STF. Anatel diz que não houve ordem contrária. Na própria plataforma, X diz que houve uma "restauração inadvertida" do serviço

 A plataforma X, do bilionário Elon Musk, conseguiu burlar a determinação imposta pelo Supremo -  (crédito:   (Photo by Alain JOCARD / AFP))
A plataforma X, do bilionário Elon Musk, conseguiu burlar a determinação imposta pelo Supremo - (crédito: (Photo by Alain JOCARD / AFP))

A rede social X, do bilionário Elon Musk, voltou a funcionar no Brasil parcialmente, ontem, por meio de um drible da empresa. Segundo a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), a plataforma passou a usar endereços de IP (Protocolo de Internet) vinculados a servidores do Cloudflare para permitir o acesso e dificultar uma nova suspensão no país. A mudança do registro teria ocorrido na noite anterior.

"O X atualizou o aplicativo dele. Então, quem tem o aplicativo no celular foi atualizado durante a noite com a versão nova. E, nessa versão nova, ele está mudando a forma de trabalhar. Ao invés de trabalhar usando os IPs do próprio X, está usando o proxy reverso do Cloudflare para poder acessar as redes", explica o conselheiro da Abrint Basílio Rodríguez Perez ao Correio.

O Cloudflare é um serviço de proxy reverso que funciona como um intermediário entre o servidor de um site e o usuário. Neste caso, a empresa permitiu que o X se tornasse mais resistente contra o bloqueio. A suspensão total do IP não seria viável, segundo o conselheiro, pois derrubaria outros sites, inclusive, os do governo federal.

"O bloqueio ficou muito mais difícil, muito mais complexo, porque dentro desse serviço não está apenas o X. Está o próprio governo, que tem sites no mesmo IP. Imprensa tem site no mesmo IP, bancos têm sites no mesmo IP. Se você bloquear esse IP, você pode bloquear metade da internet. Isso tudo só para tirar o X do ar", aponta Perez.

De acordo com ele, a solução para o caso pode demorar dias. As operadoras aguardam o posicionamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para saber quais medidas devem ser tomadas.

"A Abrint cumpre o que a Anatel determinar e dentro do que for tecnicamente viável. Neste momento, estamos apenas identificando o que está acontecendo e aguardando. Não temos o que fazer. Temos que aguardar uma definição.", concluiu o conselheiro.

X bloqueado

O X foi bloqueado em 30 de agosto após o dono da rede, Elon Musk, descumprir uma série de ordens judiciais e se negar a indicar um representante legal no Brasil. A suspensão foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e confirmada depois pela Primeira Turma da Corte. Por volta das 22h de ontem, o perfil do X na plataforma informou que houve uma "restauração inadvertida e temporária do serviço aos usuários brasileiros' por causa de uma mudança no provedor.

"Embora esperemos que a plataforma fique inacessível novamente em breve, continuamos os esforços para trabalhar com o governo brasileiro para retornar muito em breve para o povo do Brasil", disse o X. Musk também é investigado na Corte no inquérito das milícias digitais que apura a atuação de grupos que supostamente se organizaram nas redes para atacar o Judiciário.

No desbloqueio parcial de ontem, a rede entrou automaticamente, sem necessidade de VPN. Não há uma nova decisão do Supremo sobre a suspensão do X. A Anatel informou, em nota, que não houve mudança na decisão do Supremo e que realiza fiscalizações diárias e envia os relatórios ao Supremo.

* Estagiário sob a supervisão de Luana Patriolino

 

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postado em 19/09/2024 03:53 / atualizado em 19/09/2024 14:59
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