O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou a operação Lava-Jato ao participar nesta sexta-feira (13/9) da inauguração do Complexo de Energias Boaventura da Petrobras, em Itaboraí (RJ) — a obra virou símbolo da operação. O petista criticou as investigações e defendeu a estatal: "A Petrobras é mais do que uma indústria de óleo e petróleo, é uma indústria de energia".
Ao comentar sobre a estatal, alvo da operação, ele afirmou que, “se quiser dizer que uma empresa roubou, não foram os trabalhadores, foi algum corrupto”. “A tentativa (da Lava-Jato) não era de prender corrupto, era de desmoralizar a Petrobras aos olhos da sociedade brasileira para depois falar: ‘vamos vender’”, declarou o presidente, afirmando que os funcionários da petroleira sofreram com as investigações da operação.
Lula relembrou as tentativas de venda da estatal e de suas subsidiárias, como a BR Distribuidora, essa vendida no governo de Jair Bolsonaro (PL).
“Vamos ser francos como trabalhadores da Petrobras e usuários, o que melhorou para o consumidor brasileiro a venda da BR? Barateou o combustível? Estão fazendo entrega na nossa casa? Não, apenas se apoderaram de uma empresa que daria lucro para a Petrobras para tirar um pedaço da Petrobras. A mesma coisa que fizeram com a Liquigás (empresa de gás de cozinha), que eu comprei para que a gente não permitisse a outras empresas fazerem o preço que quisessem”, apontou.
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"Complexo de vira-lata"
O chefe do Executivo defendeu, ainda, a autonomia brasileira na produção energética. “Nós somos um país muito grande e esse país precisa gostar de ser grande, respeitado e, quando se trata de petróleo, desde 1953, quando o ex-presidente Getulio Vargas pensou em criar a Petrobras, muitos editoriais foram contra, dizendo que o Brasil não tinha que ter petróleo, não tinha que pesquisar, que a gente tinha que continuar comprando dos Estados Unidos. Esse é o 'complexo de vira-lata' que ainda perdura na cabeça de muita gente”, declarou.
E criticou quem diz que o “petróleo vai acabar” e que é necessário vender a Petrobras. "É um bando de imbecil. Porque o dia que acabar um petróleo, a Petrobras será a maior empresa produtora de biocombustível, de etanol, de hidrogênio verde desse país. A Petrobras é mais do que uma indústria de óleo e petróleo, é uma indústria de energia", enfatizou Lula.
Lava-Jato
Em 2014, a operação da Polícia Federal foi deflagrada para investigar corrupção na estatal mais valiosa do Brasil, a Petrobras. Entre os itens investigados estão os investimentos no Complexo de Energias Boaventura da Petrobras, que era conhecido anteriormente como Comperj. Havia suspeitas de desvio de dinheiro para realizar a obra, que demorou mais de 15 anos para ficar pronta.
Durante o primeiro mandato de Lula, ainda em 2006, foi dado o “pontapé” inicial para a construção do polo petroquímico. No entanto, diversas alterações no projeto, e a paralisação das obras por anos, fizeram com que apenas a unidade de refinaria de gás natural fosse inaugurada.
De acordo com o governo, com a inauguração do complexo, a produção de derivados do petróleo terá incremento de produção de 120 mil barris por dia, gerando 21 milhões de m³ de gás por dia. Essa produção diminui a exportação de diesel, GLP, querosene de aviação, entre outros.
“Tudo isso com baixíssimo teor de enxofre e combustível de último geração. Estamos alinhando aos nossos esforços de diminuir os gases do efeito estufa e fazer uma transição energética para o setor do petróleo, principalmente, inclusive”, comemorou a presidente da Petrobras, Magda Chateaubriand.
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