Muitos ataques mútuos e até xingamentos em um debate ágil e dinâmico foram a tônica do confronto entre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) Bruno Engler (PL), Duda Salabert (PDT), Gabriel Azevedo (MDB), Mauro Tramonte (Republicanos) e Rogério Correia (PT), promovido ontem pela TV Alterosa, pelo Estado de Minas e pelo Portal Uai. O prefeito Fuad Noman (PSD) e o senador Carlos Viana (Podemos), também foram convidados, mas não compareceram. Mesmo ausente, Fuad foi atacado por todos os adversários, principalmente no primeiro bloco. Nos restantes, as farpas e os ataques e provocações foram mútuos. “Mentiroso”, “puxa-saco”, “pessoa que baba” foram algumas ofensas entre eles. As propostas ficaram em segundo plano.
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A primeira parte do programa, além de ter Fuad como principal alvo, teve ainda o transporte público como tema mais recorrente e acusações entre o deputado federal Rogério Correia (PT) e o deputado estadual Bruno Engler (PL) e entre o deputado estadual Mauro Tramonte e o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (MDB).Nos três primeiros blocos, cada candidato escolheu um concorrente para fazer uma pergunta com tema livre, com direito a réplica e tréplica.
A primeira interação foi entre Gabriel Azevedo e Mauro Tramonte. O vereador questionou a frequência do deputado na Assembleia Legislativa e pediu para ele elencar as autarquias do município. Na resposta, o parlamentar disse que o questionamento foi uma tentativa de “pegadinha” para confundi-lo. Na sequência, Tramonte e Engler fizeram dobradinha para criticar Fuad sobre a gestão da saúde em BH. Com o prefeito já na mira, coube à deputada federal Duda Salabert (PDT) fazer o ataque mais incisivo ao candidato à reeleição.Duda direcionou sua pergunta ao candidato ausente e, por isso, teve um min
uto e meio para falar livremente. Neste tempo, ela chamou repetidamente Fuad de covarde por não ter comparecido ao debate, questionou a troca de cinco secretários de Educação nos últimos dois anos. E ainda o chamou de “prefeito motosserra” em referência aos cortes de árvores na cidade, criticou o subsídio de quase R$ 1 bilhão às empresas de ônibus da capital, fomentando o que a parlamentar batizou como “máfia do transporte público”.O embate em seguida manteve Fuad como alvo e o transporte como tema. Gabriel Azevedo e Rogério Correia criticaram o contrato vigente com as empresas de ônibus. Mesmo teor mantido na pergunta seguinte, feita por Engler ao candidato petista. Neste momento, os concorrentes alternaram ataques ao prefeito e alfinetadas entre eles.
Ofensas
O segundo bloco também foi marcado por mais ataques ao prefeito, mas também entre os candidatos. A tensão subiu e houve muitas ofensas pessoais. Duda Salabert, que abriu o segundo bloco, chegou a dizer que se for eleita, Fuad corre o risco de ser preso, pois irá abrir todos os contratos feitos pela PBH. “Se eu for eleita, o senhor tem muita, muita chance de ser preso, pois há muitos contratos duvidosos e eu vou expô-los ”, afirmou a candidata se dirigindo ao candidato que não compareceu ao debate. Segundo ela, o prefeito tem feito negócios que podem levá-lo à prisão. A candidata também chamou Fuad de mentiroso e novamente de “prefeito motosserra”.
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Gabriel Azevedo disparou contra quase todos, poupando apenas Duda Salabert. O candidato chamou Bruno Engler de puxa-saco de Bolsonaro e disse que nos bastidores da política as pessoas dizem que ele “baba”. “Você sabe o que falam de você nos bastidores? Que você é uma pessoa que baba, que não sabe de nada e é desprovida de qualquer conhecimento e capacidade de governar”, atacou Azevedo. “Se o Bolsonaro roubar, você vai dizer que não foi bem isso, se o Bolsonaro matar você vai dizer que foi sem querer, você é um grande puxa-saco do Bolsonaro, tal como o Rogério é um grande puxa-saco do Lula”, afirmou Azevedo. O vereador também acusou o PT, partido de Correia, de roubar e disse que o adversário sempre foi aliado de Fuad e agora, em período eleitoral, faz críticas à sua gestão na PBH.
Azevedo também criticou Tramonte afirmando que ele não fez nada enquanto deputado estadual e ainda que quem vai mandar em seu eventual governo é a ex-secretária de Planejamento do governo Romeu Zema Luísa Barreto (Novo). “Quem vai mandar no meu governo sou eu”, rebateu Tramonte.Rogério também reagiu às críticas de Azevedo dizendo que ele grava aliados de maneira desleal, ataca todo mundo e hoje está aliado a lideranças como o ex-governador Newton Cardoso (MDB) que ele antes criticava. O candidato petista também acusou Azevedo de, na época que era aliado do PSDB, ter criado “uma espécie de gabinete do ódio”, se referindo a um grupo liderado por Azevedo que se intitulava a “Turma do Chapéu”.
Tramonte, que na campanha vinha prometendo não atacar ninguém, acusou Fuad de se apropriar de obras feitas pelo ex-prefeito Alexandre Kalil (sem partido), hoje seu apoiador, e também se desentendeu com Gabriel Azevedo. “Triste saber que o prefeito faz propaganda de obras que ele não fez”, reclamou o candidato, que acusou Fuad de roubar as obras de Kalil. Bruno Engler chamou Rogério Correia de “petista mentiroso” e defendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro das críticas feitas por Gabriel Azevedo. “Bolsonaro não rouba, Bolsonaro não mata, Bolsonaro é um homem cristão e patriota que me apoia”, afirmou Engler.
Direito de resposta
O terceiro bloco começou com direito de resposta atendido pela organização do debate de Tramonte contra Azevedo. “Não adianta vir aqui denegrir meu nome. O povo está comigo”, rebateu o candidato do Republicanos. Após dois blocos iniciais com críticas recorrentes ao prefeito e muitas acusações e ataques recíprocos, a terceira parte do debate teve maior foco em propostas e discussão dos problemas da cidade, mas ainda houve ataques. Na primeira pergunta, Azevedo retomou o embate com Tramonte, que vem liderando todas as pesquisas, sobre dois projetos apresentados por ele como deputado estadual. Esta foi a sequência mais ríspida do bloco, com Tramonte acusando Gabriel de ter ciúme de seu trabalho e popularidade como apresentador de televisão, função que o parlamentar exerce há mais de uma década.
O quarto e último bloco foi de considerações finais. Correia abriu sua fala dizendo ter muito orgulho de ser o candidato do presidente Lula. “Já peço o voto no 13, no time do lula, pois tenho muito orgulho de saber que vamos trazer muitas coisas para Belo Horizonte”, afirmou Correia, que também aproveitou para convidar a população para uma agenda dele de campanha.
Em suas considerações finais, Tramonte lamentou o tom do debate, marcado por ataques entre os adversários e xingamentos. “Eu preferia que esse debate fosse um pouco mais de rumos para BH, mas fugiu disso”, afirmou o candidato, que disse que, se eleito, Belo Horizonte terá de fato “um prefeito de verdade”.
Engler prometeu passar um pente fino em todos os contratos da PBH para “estancar o ralo da corrupção” e prometeu uma gestão moderna. “Eu sou Bruno Engler, candidato do Bolsonaro, do Nikolas e do Cleitinho”, disse o candidato se referindo aos ex-presidente Jair Bolsonaro, ao deputado federal Nikolas Ferreia (PL) e o senador Cleitinho (Republicanos). A saída é pela direita”, afirmou Engler. Duda, em seu pronunciamento final, se auto intitulou a “única candidatura climática” e disse ser o nome do campo progressista capaz de ir para o segundo turno.
A candidata afirmou ainda que a reeleição de Fuad é a “volta de Aécio para Belo Horizonte”, se referindo ao ex-governador Aécio Neves (PSDB), hoje deputado federal. Já Gabriel Azevedo destacou os pilares de sua campanha, “teto, trabalho e emprego” e se defendeu das acusações de brigão. “Brigo mesmo, mas é por você (eleitor)”, disse o candidato do MDB.
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