Um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa, o advogado Márlon Reis entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender os efeitos da PEC da Lei de Anistia, promulgada semana passada pelo Congresso Nacional, e que reduziu a cota para candidatos negros nas eleições e perdoou multa por irregularidades cometidas por partidos políticos em pleitos passados.
O projeto isentou de sanções e anistioupartidos políticos que não destinaram os valores mínimos em razão de sexo e raça em eleições ocorridas antes da promulgação desta emenda constitucional. O texto promulgado flexibilizou a Lei da Ficha Limpa.
Na ação, Reis representa o partido Rede Sustentabilidade e a Federação Nacional das Associações Quilombolas (Fenaq). Entre seus argumentos está o descumprimento da promoção da igualdade racial e a erradicação das desigualdades.
- Leia também: Repúdio à flexibilização da Lei da Ficha Limpa
- Leia também: O mais grave atentado à Lei da Ficha Limpa, diz o advogado Márlon Reis
A emenda constitucional, ao reduzir a participação de negros no processo eleitoral, no entendimento do advogado, fere a Constituição e a garantia de cotas, e explica as razões da ação.
"Os preceitos impugnados violam diretamente direitos e garantias fundamentais do ordenamento jurídico brasileiro, além de contrariarem o princípio da vedação ao retrocesso. Notadamente, serão evocados diretamente do texto constitucional os dispositivos que estabelecem como um dos objetivos fundamentais do Brasil a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação", diz trecho da ação dos autores.
"Fere o artigo que que consagra o princípio da igualdade,proibindo qualquer forma de discriminação, inclusive a discriminação racial e que determina que o ordenamento jurídico punirá qualquer forma de discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais, incluindo o racismo", destaca o documento.
Na ação, é questionada também a violação do princípio da anterioridade eleitoral, que determina que qualquer alteração na legislação que altere o processo eleitoral, como esta emenda constitucional, somente poderá ser aplicada um ano após sua publicação, "garantindo a segurança jurídica e a estabilidade do proceso democrático".
Márlon Reis pede a suspensão dos efeitos da PEC da Anistia até o julgamento final dessa ação. É pedido também as manifestações da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Procuradoria-Geral da República (PGR), que o Congresso Nacional seja intimado para prestar esclarecimentos.