Eleições municipais

Nomes nacionais tentam se eleger prefeitos e vereadores em 2024

Ex-governadores, senadores e deputados federais, com pretensões tímidas, se restringem a disputas locais

Dada a largada para campanha eleitoral deste 2024, os registros no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) exibem quem está na disputa que se avizinha pelo país afora. Entre os mais de 450 mil candidatos, há nomes bem conhecidos, que já estiveram na ribalta da política e hoje concorrem a cargos menos vistosos. São ex-governadores, senadores e deputados federais que, agora, concorrem a prefeituras médias e pequenas e a vereador. 

O Rio é um exemplo. Dois ex-governadores, que já passaram por sobressaltos na carreira e até foram presos, buscam novos destinos. Luiz Fernando Pezão, do MDB, que governou o estado entre 2014 e 2018, tenta agora se eleger prefeito de Piraí (RJ), cidade onde nasceu, no sul fluminense, e com 28 mil habitantes. 

Fotos: Reprodução - Ex-governador Pezão disputa Prefeitura de Piraí (RJ)

Anthony Garotinho é outro ex-governante do estado — de 1998 a 2002 — que igualmente sofreu problemas com a Justiça, e que tem pretensões políticas tímidas nesse pleito. Pelo PDT, Garotinho chegou a disputar a Presidência da República, em 2022. Agora, é candidato a vereador no Rio, capital, pelo Republicanos, partido ao qual se filiou este ano. Ao anunciar sua filiação a essa legenda, da base de apoio do governo Lula, Garotinho afirmou ter sido procurado por vários partidos e que a opção era dada sua "luta social e em defesa dos trabalhadores". 

Reprodução - Delcídio Amaral é candidato a prefeito em Corumbá (MS)
 

Ex-líder do governo Dilma Rousseff no Senado, Delcídio Amaral, que foi do PT e chegou a ser preso pela Polícia Federal no mandato, em novembro de 2015, é outro personagem da política nacional que está na corrida eleitoral deste ano. Filiado ao nanico Partido Renovação Democrática, o PRD, Delcídio é candidato a prefeito em Corumbá (MS), quarta cidade do estado em população, com 97 mil habitantes. 

Dois antigos expoentes do bolsonarismo, da tropa de choque de Jair Bolsonaro na Câmara, no início do seu governo, os ex-deputados federais Alexandre Frota e Joice Hasselmann tentam apenas se eleger vereadores, anos após se alçarem ao topo de suas carreiras eleitorais. Os dois romperam com o grupo político do ex-presidente e amargaram reveses no período seguinte. Em 2022, Frota não se elegeu deputado estadual, em São Paulo, e Joice saiu do pouco mais de 1 milhão de votos — a mulher deputada federal com maior votação da história, em 2018 — para parcos 13 mil votos na tentativa de reeleição, que não aconteceu.

Agora, Frota tenta uma vaga de vereador em Cotia (SP), que fica na Região Metropolitana da capital, pelo PDT, uma legenda de esquerda, alinhada ao Palácio do Planalto. Em seis anos, este é o quinto partido de Frota, que, antes, passou pelo PSL, PSDB, Pros e Solidariedade. Joice é candidata à vereadora em São Paulo, pelo Podemos, depois de filiações no PSL e PSDB. 

Em campanha

Pezão ficou preso pouco mais de um ano, entre fim de 2018 e 2019, quando era governador. Foi acusado na Operação Lava-Jato. Em abril do ano passado, foi absolvido da acusação de corrupção, sentença do TRF da 2ª região. Seu jingle de campanha neste ano é puxado por Neguinho da Beija-Flor e o mote é "chegou a hora de voltar".

Garotinho chegou a ser preso três vezes, entre 2016 e 2019, com acusações de compra de voto para Prefeitura de Campos (RJ), corrupção eleitoral e superfaturamento num esquema da prefeitura com uma empreiteira. O ex-governador sempre negou as acusações. Na última sexta-feira, o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a sentença que o impedia de ser candidato neste ano. Agora, ele está liberado para concorrer e registrou trechos da decisão nas suas redes.

"Foi dada a largada, e a vitória está logo ali! Com vocês ao meu lado, vamos transformar o Rio e trazer de volta o orgulho da nossa cidade. Vamos juntos com garra e coração", publicou. 

Delcídio, por sua vez, foi o primeiro senador preso no exercício do mandato após a ditadura, em 2015. Um ano depois, em 2016, o Senado cassou seu mandato. Em 2019, o ex-senador foi absolvido da acusação na Lava-Jato e reconquistou seu direito político. Nesse último sábado, porém, o Ministério Público Eleitoral de Mato Grosso do Sul pediu a impugnação de sua candidatura, por entender que ele ainda segue inelegível.

"Mais uma vez, a mesma novela. Delcídio não é candidato. Quero dizer que tenho decisões judiciais absolutamente inapeláveis e que mais do que nunca impediram a minha participação em outras eleições. Isso parte sempre do mesmo grupo. Esse grupo que persegue, que aterroriza, que compra pessoas, que compra partidos. Nós não aceitamos a canga de ninguém", respondeu o candidato. 

Nas bandeiras de sua campanha, bem diferentes das pregadas pelo grupo bolsonarista ao qual pertenceu, Alexandre Frota promete atuar pelo "empoderamento das mulheres e pela igualdade racial". O ex-deputado tem o apoio do presidente nacional do partido, Carlos Lupi, ministro da Previdência Social, e seu ingresso no partido teve o apoio de Ciro Gomes, que disputou a Presidência pela legenda. 

Hasselmann diz que um de seus propósitos na campanha, além de tentar se eleger, é "manter a esquerda longe do poder". A ex-aliada de Bolsonaro apoia a reeleição do prefeito Ricardo Nunes, do MDB, para a disputa da capital. Nunes gravou vídeo em apoio à Joice, mas foi criticado por seguidores. O prefeito se referiu a ela como "nossa candidata à vereadora". Os aliados não gostaram.


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Reprodução - Delcídio Amaral é candidato a prefeito em Corumbá (MS)