A trajetória do empresário e apresentador Silvio Santos, ao longo dos seus 93 anos, foi recheada de acontecimentos inusitados. Entre eles, estão as improváveis tentativas de ocupar algum cargo eletivo. Seja presidente ou prefeito de São Paulo.
Extremamente popular durante as décadas de 80 e 90, ao receber homenagem no Senado pelo seu trabalho televisivo, Silvio Santos começou a cogitar entrar para a vida pública. A homenagem foi assinada, em 24 de fevereiro de 1988, por todos os senadores que estavam no Congresso naquela data, entre eles destacam-se Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco e José Richa.
Naquele mesmo ano ele se filiou ao PFL (atualmente União Brasil) com o objetivo de sair candidato a prefeito de São Paulo, mas o plano não encontrou eco entre os outros membros do partido, que não se entusiasmaram com a possibilidade de o apresentador concorrer nas eleições municipais. Naquele ano, a eleita foi Luiza Erundina (PT) com 36,78% dos votos, contra 30,14% para Paulo Maluf (à época no PDS, hoje no PP).
Nos anos que se seguiram, Silvio Santos buscou voos políticos mais audaciosos e se mostrou disposto a concorrer por qualquer partido. Ele chegou a se reunir com Maluf para tratar de uma possível candidatura presidencial no pleito de 1992. Faltando sete dias para o prazo final das candidaturas, ele acertou de se filiar ao Partido Municipalista Brasileiro (PMB). O candidato do partido era o pastor Armando Corrêa, que aceitou ser substituído pelo "Dono do Baú". O seu vice, responsável pela costura do novo cabeça de chapa, seria o senador Marcondes Gadelha (atualmente no Podemos-PB).
Assista ao vídeo sobre a carreira do apresentador:
Em 31 de outubro de 1989 foi oficializado o nome de Silvio Santos. Com a mudança muito próxima à data, as cédulas de votação não iriam levar o nome do apresentador, mas sim o de Corrêa. Isso fez com que Silvio Santos usasse seu tempo de TV para alertar que o nome no papel seria o do religioso, mas que os votos seriam direcionados a ele.
Diferentes pesquisas nos dias que sucederam o anúncio causaram um alvoroço entre os candidatos. Enquanto uma apontava Silvio Santos em 1º com 29% da preferência do eleitorado, outra apontava Fernando Collor de Mello (à época no PRN, atualmente no PRD) em primeiro com 23%, mas apenas cinco pontos percentuais à frente do comunicador.
No dia 9 de novembro, o sonho presidencial do apresentador terminou. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgou, entre as 17 ações de impugnação que foram apresentadas, a do advogado de Collor que pedia a exclusão do PMB por funcionar com o registro provisório. Em 15 outubro de 1987, alguns partidos receberam uma autorização temporária para funcionar por 12 meses, renováveis por mais 12, até que obtivessem o registro definitivo, o que a legenda não fez. De forma unânime, o tribunal avaliou que a legenda não realizou o número de convenções regionais exigidas pela lei e impugnou a candidatura.
O desejo de assumir um cargo político prosseguiu e, em 1992, Silvio Santos negociou com PDT, mas optou por se filiar ao PFL (atual União Brasil) para concorrer à prefeitura de São Paulo. Na época, justificando a escolha, ele disse: "Minha confiança e minha simpatia são pelos homens do PFL".
A legenda realizou uma convenção para oficializar o nome do "homem do baú" à sucessão de Erundina, mas o evento terminou em pancadaria, sendo necessária a intervenção da tropa de choque da Polícia Militar. A confusão se deu por uma tentativa de um correligionário de impedir o deputado federal Arnaldo Faria de Sá a concorrer contra Silvio Santos. Faria de Sá havia sido escolhido na primeira convenção do partido que acabou sendo anulada pelo TSE, ele reclamou não ter tido a documentação registrada em um movimento para beneficiar o empresário.
Novamente, devido a problemas jurídicos, o TSE barrou a tentativa de Silvio Santos de ocupar um cargo no Executivo municipal paulistano. Pondo fim nas tentativas de galgar um cargo eletivo.