Senado

Governo não vai reconhecer a vitória de Maduro sem as atas, diz Amorim

O assessor especial da Presidência argumentou, porém, que não há como o Brasil exigir um prazo ou dar um "ultimato" para a divulgação dos documentos

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, frisou nesta quinta-feira (15/8) que o governo brasileiro não vai reconhecer a vitória de Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho sem a divulgação das atas.

Por outro lado, argumentou que não há como o Brasil exigir um prazo, ou dar um "ultimato" para a apresentação dos documentos. Amorim também condenou as violações de direitos humanos que ocorreram na Venezuela desde o pleito, quando Maduro aumentou a repressão a opositores.

"Está muito clara a impaciência do presidente Lula. Isso é, evidentemente, uma preocupação. Estamos chegando a um ponto em que é preciso sentir uma evolução real. Tenho dito isso e repetido, o presidente Lula já disse: o Brasil não reconhecerá um presidente que não esteja fundado nas atas", reforçou o embaixador durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado.

Amorim foi cobrado por parlamentares, tanto da oposição quanto da base, por uma posição mais dura com o regime chavista. Ele foi chamado à comissão após requerimento da senadora Tereza Cristina (PP-MS). Entre os participantes também estavam Sergio Moro (União-PR), Esperidião Amin (PP-SC), Carlos Portinho (PL-RJ), Randolfe Rodrigues (PT-AP) e Humberto Costa (PT-PE).

"Agora, colocar uma data fixa, um ultimato, não é produtivo. Na minha experiência, para o que ela possa valer, não dá bons resultados", disse ainda Amorim. Ele argumentou que, na diplomacia, os prazos não costumam ser cumpridos, e servem apenas como um "estímulo para que as coisas possam acontecer".

O senador Sergio Moro também citou as violações de direitos humanos e prisões que ocorreram após o pleito. A oposição a Maduro aponta que 1,2 mil pessoas foram detidas. "Eu condeno, pessoalmente. Acho um erro, e isso não devia estar acontecendo. Tenho a impressão que é uma espécie de ameaça. Mas a função do Brasil é apaziguar, encontrar uma solução pacífica", respondeu.

Lula diz não reconhecer vitória de Maduro ainda

O presidente brasileiro também negou reconhecer a vitória de Maduro nas urnas sem a apresentação das atas, mas disse que, da mesma forma, não pode apontar a vitória da oposição.

"Ainda não. Ele sabe que está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e com o mundo. Ele sabe disso", respondeu o petista ao ser questionado se reconhecia a vitória de Maduro em entrevista à Rádio T, de Curitiba, Paraná.

"Os dados têm que ser apresentados por algo que seja confiável. O Conselho Nacional (Eleitoral), que tem gente da oposição, poderia ser. Mas ele (Maduro) não mandou pelo Conselho, mando para a Justiça. Eu não posso julgar a Suprema Corte de outro país", afirmou ainda o chefe do Executivo.

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