América do Sul

Amorim sobre Venezuela: solução mediada 'é difícil, mas temos que tentar'

O assessor especial da Presidência prestou esclarecimentos nesta quinta-feira (15/8) em sessão da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado Federal

O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, embaixador Celso Amorim, defende que encontrar uma solução negociada na Venezuela "é difícil, mas tem que ser tentado". Ele prestou esclarecimentos nesta quinta-feira (15/8) sobre a atuação do governo brasileiro em sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado Federal.

O embaixador defendeu a posição diplomática de pedir as atas eleitorais e não reconhecer nem a vitória de Nicolás Maduro, nem a do candidato da posição, Edmundo González, enquanto os dados não forem publicados.

Cobrado pela oposição, também argumentou que não cabe ao Brasil dar ultimatos ou adotar medidas mais duras no momento, sob risco de perder a capacidade de diálogo com o país.

Confira esclarecimentos de Celso Amorim no Senado:

 

“Os principais dilemas que temos no momento são a questão da transparência dos resultados e as divergências em torno da atuação do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ, da Venezuela). Todos os nossos interlocutores concordam que a prioridade é encontrar uma forma de pacificar o país, que já sofreu com tanta instabilidade”, declarou Amorim em seu discurso inicial. “Somos favoráveis à solução que venha do diálogo. É difícil, mas tem que ser tentado”, pontuou.

No momento, a Corte Suprema venezuelana está estudando as atas do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Porém, a oposição a Maduro aponta que o ditador controla as duas instituições de Justiça, e que, portanto, o resultado não será imparcial.

Amorim defendeu que a posição brasileira na negociação segue princípios como a defesa da democracia, a não ingerência em assuntos internos e a resolução pacífica de conflitos. “Não sei se isso agrada ou não o presidente Maduro, mas nós nunca deixamos de insistir na publicação das atas”, acrescentou o embaixador.

Disse ainda que não cabe a outros países interferirem nas decisões tomadas pelo povo venezuelano, apenas intermediar o diálogo. "Está muito clara a impaciência do presidente Lula com a demora das atas. Agora, colocar uma data fixa, um ultimato, não é produtivo. Na minha experiência, para o que ela possa valer, não dá bons resultados", declarou o embaixador.

Diálogos com a oposição

A oitiva ocorreu após requerimento da senadora Tereza Cristina (PP-MS), que foi a primeira a questionar Amorim após suas falas iniciais. A parlamentar pediu esclarecimentos sobre o contato do governo brasileiro com a líder da oposição, Maria Corina Machado, e sobre o afastamento do México das negociações, entre outros pontos.

Amorim disse que não poderia dar detalhes em uma sessão pública, mas garantiu que há contato “de muito alto nível” com Corina. Apesar de não ter conversado pessoalmente com ela, afirmou que recebeu o candidato Edmundo González na Embaixada do Brasil em Caracas, quando esteve no país.

Sobre o México, Amorim acredita que o afastamento ocorreu por conta do período de transição de governo que ocorre no país. O atual presidente, Andrés Manuel López Obrador, deixa o cargo em 1º de outubro em prol de sua aliada, a presidente eleita Cláudia Sheinbaum. Obrador chegou a assinar notas conjuntas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, mas anunciou nesta semana seu afastamento da mediação. 

Outros senadores que participaram da sessão foram Sergio Moro (União-PR), Esperidião Amin (PP-SC), Carlos Portinho (PL-RJ), Randolfe Rodrigues (Sem Partido-AP) e Humberto Costa (PT-PE).

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