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'Passei 30 anos xingando o Delfim Netto', disse Lula

O presidente voltou a elogiar o ex-ministro, morto nesta segunda (14/8) aos 96 anos. Lula disse ainda que, na política, "às vezes a gente pega alguém de bode expiatório e fica xingando".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a elogiar, nesta quarta-feira (14/8) o ex-ministro Delfim Netto, morto na segunda-feira (12). O petista lembrou que passou “30 anos xingando” o economista, mas que ele o apoiou em seu primeiro mandato como presidente da República. Também voltou a citar que pediu desculpas publicamente ao ex-ministro.

O mandatário disse ainda que, na política, “às vezes a gente pega alguém de bode expiatório e fica xingando”, mesmo sem ter razão. Lula também citou a morte da também economista Maria da Conceição Tavares, e disse que o Brasil perdeu dois dos seus maiores nomes no debate sobre política econômica.

“Eu passei 30 anos da minha vida xingando o Delfim Netto. 30 anos. E quando eu virei presidente da República, em momentos muito difíceis, o principal economista de fora do meu partido que veio a defender o governo foi o Delfim Netto”, declarou Lula durante a abertura do evento Diálogos Capitais, em celebração dos 30 anos da revista Carta Capital, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O chefe do Executivo voltou a lembrar que pediu desculpas publicamente pelas críticas ao ex-ministro durante um comício em 2006, quando se reelegeu como presidente da República para seu segundo mandato. Disse ainda que algumas críticas foram justas e outras, injustas.

“Mas de vez em quando na política a gente pega alguém de bode expiatório e fica xingando, xingando, xingando, às vezes sem ter razão. E eu passei a ser um admirador, se não de tudo que o Delfim fazia na economia, eu passei a ser admirador da sagacidade, da inteligência e da esperteza do Delfim Netto. Da mesma forma que a Maria da Conceição Tavares”, afirmou ainda o presidente.

Grandes economistas

Delfim Netto foi um economista que ocupou uma série de ministérios em sua carreira política, como as pastas da Fazenda, Agricultura, e do Planejamento, atuando durante governos militares e na redemocratização. Foi um dos signatários do AI-5, ato mais duro de repressão durante a ditadura. Morreu na segunda-feira, aos 96 anos de idade.

Já Maria da Conceição Tavares também foi uma economista e professora, filiada ao Partido dos Trabalhadores, e ocupou o cargo de deputada federal entre 1995 e 1999 pela legenda. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Morreu em 8 de julho deste ano, aos 94 anos.

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