A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados realizou, nesta terça-feira (13/8), uma audiência pública para debater as estratégias de combate às queimadas que assolam o estado do Amazonas. O requerimento para a realização do debate foi apresentado pelo deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM), que destacou a necessidade urgente de um plano de integração para enfrentar o desmatamento, a fumaça tóxica e a seca que ameaçam a região.
"A situação é extremamente grave. Os amazonenses, já afligidos pelo isolamento geográfico e seus desafios econômicos, encontram-se respirando ar carregado de fumaça, uma dolorosa lembrança diária das queimadas que devastaram suas florestas", afirmou Amom Mandel durante a audiência. Ele enfatizou ainda o sentimento de abandono que cresce entre os habitantes da região. "A sensação de abandono cresce à medida que os gritos de socorro parecem dissipar-se, ignorados pelo resto do país".
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A audiência contou também com a presença de André Lima, secretário Extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima (SECD-MMA). Lima ressaltou que os efeitos das mudanças climáticas já são uma realidade no Brasil e no mundo, trazendo consequências mais rápidas e severas do que o esperado. "Infelizmente, como a ciência já vem dizendo há muitos anos, os efeitos das mudanças climáticas chegaram, bem mais cedo do que se antevia. Nos últimos 200 anos, a temperatura média do planeta já está na margem de 1.5°C. Nós já estamos sofrendo os efeitos desses impactos, como o calor, a seca e os ventos fortes. Essa tríade é fatal para o controle dos incêndios", disse o secretário.
O debate também revelou dados sobre a atual situação do Amazonas. O diretor de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Jair Schmitt, destacou o número crescente de focos de calor no estado em 2024. "O cenário histórico que observamos tem cerca de oito mil focos de calor acumulados, em 2024, no estado do Amazonas. Historicamente, 2022 foi o ano que mais teve focos de calor. O que veio a ocorrer é que tivemos uma antecedência, pois esses incêndios costumam acontecer em setembro ou outubro", explicou Schmitt.
Apesar dos esforços, Schmitt alertou que o combate aos incêndios ainda enfrenta desafios consideráveis. "O IBAMA vem atuando desde o início da ocorrência desses incêndios, e contabilizamos 20 incêndios florestais de porte significativo no estado do Amazonas. Já controlamos boa parte, controlar não significa que foi extinto, mas foi reduzido", concluiu.
A seca esperada para 2024 no estado, conforme discutido na audiência, pode trazer consequências não apenas para o meio ambiente, mas também para o abastecimento de água, o transporte fluvial e a vida das comunidades ribeirinhas e indígenas, agravando ainda mais a situação já crítica.
*Estagiária sob a supervisão de Pedro Grigori
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