ELEIÇÕES

Venezuela: 'Não quero usar a expressão guerra civil, mas temo', diz Amorim

Celso Amorim lamentou que atas das eleições na Venezuela ainda não tenham sido apresentadas

O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, afirmou nesta quarta-feira (7/8), temer uma guerra civil por conta do impasse das eleições venezuelanas.

"Eu temo muito que possa haver um conflito muito grave. Não quero usar a expressão guerra civil, mas temo muito. E eu acho que a gente tem que trabalhar para que haja um entendimento. Isso exige conciliação. E conciliação exige flexibilidade de todos os lados", apontou em entrevista à GloboNews.

Amorim caracterizou ainda como "lamentável que as atas não tenham aparecido" após o término das eleições venezuelanas. "Eu disse isso para o presidente Maduro. Eu tive com ele no dia seguinte da eleição e perguntei sobre as atas. Ele me disse que seriam publicadas. Depois encontraram esse caminho pela Justiça. Eu tenho que confessar a minha ignorância, não compreendo bem ainda o que a Justiça vai fazer.”
Sobre a nota do PT que reconheceu a reeleição de Nicolás Maduro afirmou que "não pensa daquela maneira".


"Eu pessoalmente não penso daquela maneira, exatamente. Talvez o ângulo pelo qual você vê, quando você representa ou quando você está num Estado é diferente do ângulo que você vê quando você está em um partido político."
“É [uma nota] do partido do presidente, mas ele governa o país. Então, ele tem que levar em conta outros fatores além da opinião do partido. Nós não vivemos em um regime de partido único, felizmente. Vivemos em um regime plural. É normal saber que tem pessoas que pensem assim e é uma corrente política importante no Brasil."

Anistia recíproca

Amorim afirmou ainda acreditar que uma solução para o impasse na Venezuela passa pela instituição de uma "anistia recíproca".
"O que eu acho que você tem que fazer é, olhando para o futuro, ter um sistema de anistia recíproca, para garantir que todos possam expressar suas opiniões. Eu acho que a anistia tem que ser uma anistia recíproca, que quem perdeu a eleição vai continuar vivendo normalmente, podendo se candidatar", defendeu.
Ele também comentou sobre a retirada das sanções como "algo extremamente importante". "Porque também é muito difícil para um país que depende do petróleo não poder vender o petróleo", concluiu.

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