O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou, nesta sexta-feira (30/8), que não reconhece a vitória de Nicolás Maduro nas eleições venezuelanas de 28 de julho, nem a vitória do opositor, Edmundo González.
Lula declarou que Maduro terá que "arcar com as consequências" de suas ações durante a eleição, e disse ter consciência que tentou ajudar o país vizinho.
"O Maduro que cuide de lá (Venezuela). Ele que arque com as consequências do gesto dele, e eu arco com as consequências dos meus gestos. Agora, eu tenho consciência política de que eu tentei ajudar muito, mas muito, e muito", disse Lula em entrevista à Rádio PB, da Paraíba.
O presidente negou ter "relação ideológica" com Maduro, mas destacou que sempre teve interesse em manter bom relacionamento com a Venezuela, já que ambos os países dividem fronteira e mantinham, no passado, uma balança comercial favorável ao Brasil, com superávit de R$ 4 bilhões.
Afirmou ainda que gostava do antecessor de Maduro, Hugo Chávez, mas que o então presidente "criava muitos problemas", e Lula o ajudava a resolver. O petista disse ainda que, quando Maduro assumiu o cargo, mandou uma carta com uma série de sugestões para que ele não cometesse os mesmos erros de Chávez.
"Ele (Maduro) fez uma opção política. Eu tomei cuidado, muito cuidado, de reunir o México e a Colômbia, para a gente tomar uma decisão conjunta. O presidente López Obrador, do México, resolveu não assinar porque ele está apenas a 15 dias de deixar a presidência. Ficou eu e o (presidente da Colômbia Gustavo) Petro", contou Lula.
"Eu não aceito nem a vitória dele (Maduro), nem a da oposição. Eu acho que tem um negócio, a oposição fala que ganhou, ele fala que ganhou, mas você não tem prova. Nós estamos exigindo é a prova. Obviamente que ele tem o direito de não gostar, porque eu falei que tem que convocar novas eleições", acrescentou ainda o chefe do Executivo.
Tensão com a Nicarágua
Na entrevista, Lula também foi questionado sobre a relação com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. Os dois países protagonizaram uma crise diplomática após Ortega expulsar o embaixador brasileiro do país, após o diplomada não aparecer no evento de celebração da Revolução Sandinista, em 19 de julho. Em resposta, o Brasil também expulsou a embaixadora da Nicarágua.
"O Ortega é o seguinte: ele enveredou por um caminho já há muito tempo. Eu fui a Roma. O Papa pediu para eu conversar com o Daniel Ortega, para liberar um bispo que estava preso. Eu liguei para o Ortega, ele inventou 500 mil desculpas para não me atender. Então eu parei de ligar", explicou Lula sobre o início da crise.
O regime de Ortega realizou uma série de prisões e expulsões de católicos na Nicarágua, sob a acusação de tentar desestabilizar o regime. Os religiosos apontavam uma série de violações dos direitos humanos no país.
"Agora no 7 de setembro a gente convida todos os embaixadores. Você acha que, se um embaixador não ir, eu vou mandar embora do Brasil? Ele não é obrigado a ir. Ele vai se ele quiser, se tiver vontade de ir. Ou eu tenho que fazer um convite charmoso. Então esse comportamento eu não aceito. Esse país é muito grande, o Brasil não tem contencioso com ninguém, não quer contencioso com ninguém. Quem quiser contencioso com o Brasil não vai ter", enfatizou Lula.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br