O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar, nesta terça-feira (27/8), a privatização da mineradora Vale. Segundo ele, o modelo de controle faz com que a empresa não tenha "dono” que possa ser cobrado por desastres como o de Mariana e de Brumadinho, em Minas Gerais, quando houve o rompimento de barragens.
O comentário acontece um dia após o Conselho de Administração da empresa escolher, por unanimidade, Gustavo Pimenta para ser o novo CEO da companhia. Para Lula, as empresas precisam ter “uma cara” que possa ser cobrada pela sociedade.
“A Vale era uma empresa grande que desvendava esse país, cavava buraco em todo esse país. Mas a Vale, que tinha uma diretoria, eu sabia quem era o presidente da Vale. Hoje, nessa discussão que a gente está de receber o dinheiro de Mariana, o dinheiro para o povo, você não tem dono”, declarou o presidente durante visita ao Centro de Operações Espaciais Principal (Cope-P) da estatal Telebras.
“É uma tal de corporate que você não tem dono, você tem um monte de gente com 2%, com 3% (da empresa). É importante que as empresas tenham nome, tenham cara, tenham identidade, porque assim o povo tem de quem cobrar”, disse o presidente.
- Leia também: Lula diz que privatização da Eletrobras foi 'crime lesa-pátria'
- Leia também: Lula critica privatizar Porto de Santos e diz que governo fará mais
O Conselho de Administração da Vale anunciou Gustavo Pimenta como o novo CEO, após um período de indefinição e tentativa do governo de emplacar um aliado. O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi ventilado como possível nome, mas sofreu rejeição no colegiado.
Durante a visita à Telebras, estatal que Lula retirou do rol de privatizações do governo de Jair Bolsonaro (PL), o presidente defendeu que é preciso ter estatais fortes, que forneçam serviços públicos em locais em que a iniciativa privada não chegue.
O petista citou a privatização da Eletrobras e tentativas constantes de privatizar a Petrobras. “Para que serve o Estado? Para que serve o governo? E com a maior desfaçatez as pessoas vão na televisão dizendo que isso (privatização) é modernidade, isso é século 21. E eu não falo contra a iniciativa privada, nós temos que trabalhar junto com a iniciativa privada, mas em trabalho conjunto. Eu não preciso desmontar o Estado”, disse.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br