DEMOCRACIA

Em nota conjunta, Lula e Petro voltam a cobrar atas eleitorais na Venezuela

Os presidentes optaram por fazer um posicionamento distinto dos comunicados divulgados por outros 11 países e pela União Europeia. Brasil e Colômbia se opõem a sanções unilaterais

Os presidentes Lula e Gustavo Petro assinaram posicionamento conjunto sobre as eleições na Venezuela -  (crédito:  Cláudio Kbene/Presidência da República)
Os presidentes Lula e Gustavo Petro assinaram posicionamento conjunto sobre as eleições na Venezuela - (crédito: Cláudio Kbene/Presidência da República)

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Gustavo Petro, da Colômbia, publicaram neste sábado (24/8) uma nota conjunta de posicionamento sobre as eleições presidenciais na Venezuela. O documento, que era muito aguardado pela comunidade internacional, reforçou pedido de transparência dos votos.

"Ambos os presidentes permanecem convencidos de que a credibilidade do processo eleitoral somente poderá ser restabelecida mediante a publicação transparente dos dados desagregados por seção eleitoral e verificáveis", inicia texto. 

Os chefes do Executivo dizem ainda terem conhecimento sobre a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela de validar a reeleição de Nicolás Maduro. "Brasil e Colômbia tomam nota da decisão. Reiteram que continuam a aguardar a divulgação, pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), das atas desagregadas por seção de votação. E relembram os compromissos assumidos pelo governo e pela oposição mediante a assinatura dos Acordos de Barbados, cujo espírito de transparência deve ser respeitado", diz texto.

Os acordos mencionados foram firmados pelo governo e opositores venezuelanos, no ano passado, buscando garantir a realização de eleições presidenciais no país. Na ocasião, também foi aceito que organizações internacionais acompanhassem o processo eleitoral. Os Estados Unidos também se comprometeram em retirar algumas sanções impostas à Venezuela como parte do cumprimento do combinado internacional.

"[Brasil e Colômbia] Manifestam também sua total oposição à continuada aplicação de sanções unilaterais como instrumento de pressão. Compartilham o entendimento de que sanções unilaterais são contrárias ao direito internacional e prejudicam a população dos países sancionados, em especial as camadas mais vulneráveis", defende o texto, já que os EUA impuseram sanções a 60 autoridades venezuelanas como resposta à reeleição de Maduro. 

Lula e Petro pedem ainda para que todos envolvidos nas eleições venezuelanas evitem "recorrer a atos de violência e à repressão". "A normalização política da Venezuela requer o reconhecimento de que não existe uma alternativa duradoura ao diálogo pacífico e à convivência democrática na diversidade", acrescentam.

Por fim, os chefes de estado dos países latino-americanos se mostraram abertos a manter relações diplomáticas com a Venezuela. "Como países vizinhos diretamente interessados na estabilidade da Venezuela e da região, e testemunhas dos Acordos de Barbados, Brasil e Colômbia mantêm abertos seus canais de comunicação com as partes e reiteram sua disposição de facilitar o entendimento entre elas", finaliza.

O posicionamento conjunto era aguardado pela diplomacia internacional, já que os dois países não se somaram aos comunicados de onze nações e a União Europeia, publicados na sexta. Os textos rejeitam a decisão da Corte venezuelana de apoiar Maduro e cobram transição democrática no país. 

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postado em 24/08/2024 21:09 / atualizado em 24/08/2024 21:20
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