São Paulo

De quem Pablo Marçal está tirando mais votos em SP, segundo as pesquisas?

O candidato do PRTB foi o único entre os postulantes a prefeito a obter ganho real de intenção de voto, ou seja, crescer em citações num índice acima da respectiva margem de erro

Marçal está ocupando espaços deixados pela retração nos índices de Ricardo Nunes e do apresentador de TV José Luiz Datena  -  (crédito: Reprodução/Instagram @pablomarcal1)
Marçal está ocupando espaços deixados pela retração nos índices de Ricardo Nunes e do apresentador de TV José Luiz Datena - (crédito: Reprodução/Instagram @pablomarcal1)

De acordo com a última rodada de pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo, o empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB) foi o único candidato a crescer em menções de voto nas últimas duas semanas.

Nesta semana, foram divulgados os levantamentos de AtlasIntel, Datafolha e Paraná Pesquisas sobre o panorama eleitoral na capital paulista. Cada instituto utiliza metodologias próprias, e os índices obtidos por cada organização não são comparáveis entre si. Contudo, o prognóstico sobre o ex-coach é o mesmo nas três pesquisas: levando-se em conta as respectivas margens de erro dos levantamentos, o candidato do PRTB foi o único entre os postulantes a prefeito a obter ganho real de intenção de voto, ou seja, crescer em citações num índice acima da respectiva margem de erro.

Outra conclusão comum às três pesquisas é que, com o ganho obtido nos índices de intenção de voto, Marçal já figura em empate técnico com os líderes dos levantamentos. Na pesquisa AtlasIntel, o empate técnico é apenas com Ricardo Nunes (MDB), enquanto Guilherme Boulos (PSOL) figura na liderança, isoladamente; no levantamento do Datafolha e do Paraná Pesquisas, o empate dentro da margem de erro é triplo, entre Nunes, Boulos e Marçal.

Os institutos de pesquisa não concluem, por si só, qual candidato está perdendo intenções de voto em detrimento de outros. A segmentação realizada é feita por critérios como gênero, faixa etária, ocupação econômica, religião e, em alguns casos, até por ideologia política. Como o objetivo da pesquisa é estimar o comportamento do eleitorado, a demografia é importante para a obtenção de uma amostra fiel ao perfil da população.

Feita a ressalva, no caso de Pablo Marçal, a série histórica das pesquisas demonstra que o candidato do PRTB está ocupando espaços deixados pela retração nos índices de Ricardo Nunes e do apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB). Essa conclusão é compartilhada pela própria campanha do emedebista, na qual vigora a discussão pelo rumo que o prefeito da capital paulista adotará a partir daqui. Assessores de Jair Bolsonaro (PL) sugeriram a Nunes mais acenos ao ex-presidente, mas o mandatário resiste.

A tendência ascendente de Marçal pode ser explicada com os cruzamentos demográficos de cada levantamento, que indicam que o ex-coach cresce em ritmo mais acelerado que os demais postulantes à Prefeitura entre eleitores homens, evangélicos, de classe média e que possuem preferência política por Jair Bolsonaro e pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Marçal cresce no espaço de quem? Veja as pesquisas:

AtlasIntel

No âmbito geral, a pesquisa AtlasIntel divulgada em 21 de agosto atestou que, com 16,3% de menções, Pablo Marçal cresceu 4,9 pontos porcentuais desde a última medição. No mesmo período, Guilherme Boulos, que tinha 32,7%, caiu 4,2 pontos porcentuais, e Ricardo Nunes, com 24,9%, recuou 3,1 pontos.

Segundo o levantamento AtlasIntel, portanto, Marçal está ganhando votos diante da retração de Boulos e de Nunes. Por meio da segmentação da pesquisa, é possível observar em quais estratos do eleitorado a migração de votos foi mais intensa.

No dia 8 de agosto, o ex-coach tinha 13,6% de intenções de voto na faixa etária de 35 a 44 anos, enquanto Boulos liderava o segmento, com 33,2% de menções. Em duas semanas, Marçal cresceu 9,9 pontos porcentuais no grupo, indo a 25,5%; o candidato do PSOL, por sua vez, recuou 11,8 pontos porcentuais, indo a 21,4%.

Em desfavor de Ricardo Nunes, houve forte crescimento de Marçal entre os evangélicos: em duas semanas, o ex-coach saiu de 22,1% para 36,8% de intenções de voto no grupo, e o prefeito caiu de 36,6% para 23,0%. Movimento semelhante ocorreu no eleitorado de classe média, composto, segundo o instituto AtlasIntel, por indivíduos com renda familiar de R$ 3 mil a R$ 5 mil mensais: Marçal foi de 15,4% a 30,4% e o prefeito, de 29,3% a 14,1%.

O levantamento AtlasIntel questionou, de forma online, 1.803 paulistanos de 16 anos ou mais entre os dias 15 e 20 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais, e o índice de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a identificação SP-02504/2024.

Datafolha

A pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, 22, também atesta o crescimento de Marçal. O prognóstico de quem está perdendo espaço para o ex-coach, contudo, é distinto: segundo o âmbito geral do levantamento, Guilherme Boulos mantém seus índices de intenção de voto estacionários, enquanto o influenciador digital ganha diante da retração de Nunes e de Datena.

Desde o último levantamento, Marçal elevou em sete pontos percentuais suas intenções de voto, indo de 14% a 21%, enquanto o prefeito caiu de 23% para 19% e o tucano, de 14% para 10%.

Entre os eleitores que votaram em Jair Bolsonaro no último pleito, em 2022, 44% afirmaram ao Datafolha que pretendem votar em Marçal, enquanto outros 30% disseram que escolherão Nunes. O cenário inverte o que foi constatado pela última pesquisa do instituto, divulgada em 8 de agosto: naquele momento, o ex-coach tinha 29% entre bolsonaristas, enquanto o prefeito era a opção de 38% do grupo.

A lógica se repete entre quem votou em Tarcísio de Freitas para governador em 2022. Entre os eleitores do chefe do Executivo paulista, o ex-coach detém 41% das preferências, e Nunes, 28%. No dia 8 de agosto, Marçal tinha 25% nesse segmento, enquanto o prefeito era escolhido por 42%.

O Datafolha ouviu 1.204 eleitores paulistanos entre os dias 21 e 22 de agosto. A margem de erro é de três pontos porcentuais, e o índice de confiança, de 95%. O levantamento está registrado no TSE sob o número SP-08344/2024.

Paraná Pesquisas

De acordo com levantamento do Paraná Pesquisas divulgado nesta sexta-feira, 23, Nunes registra 24,1% das intenções de voto, em empate técnico com Boulos, que soma 21,9%. Pablo Marçal, por sua vez, aparece com 17,9%, configurando um empate técnico com o candidato do PSOL, mas não com o emedebista.

A margem de erro do levantamento é de 2,6 pontos percentuais, para mais ou para menos. Considerando a margem, Nunes e Boulos oscilaram para baixo desde a última pesquisa, divulgada em 8 de agosto: o prefeito recuou um ponto percentual e Boulos, 1,3%. Enquanto isso, no mesmo período, Pablo Marçal subiu 5,4 pontos.

Há de se observar que, no levantamento anterior, Marçal estava numericamente atrás de José Luiz Datena: o ex-coach detinha 12,5% e o tucano, 15,9%. Agora, enquanto o empresário foi a 17,9%, o jornalista caiu para 13,2%.

O núcleo de intenção de votos em Datena está no eleitorado com grau de instrução até os ensinos fundamental e médio. Ainda que o apresentador de TV se mantenha representativo no estrato, Marçal subiu e já figura em empate técnico com o candidato do PSDB, incomodando-o em seu "core" eleitoral.

No levantamento anterior do Paraná Pesquisas, Datena era citado por 20,8% dos entrevistados com formação até o ensino fundamental, enquanto Marçal era a opção de 5,3% do segmento. Em duas semanas, Datena oscilou para baixo nesse grupo, indo a 19,5%, enquanto o ex-coach cresceu 7,3 pontos porcentuais, indo a 12,6%. Ou seja: o apresentador de TV manteve-se estacionário, e o influenciador está em ascensão.

Fenômeno similar ocorre no eleitorado com grau de instrução até o ensino médio: há duas semanas, eram 17,3% os que votariam em Datena, e 14,8% os que preferiam Marçal, configurando empate técnico. A vantagem, agora, é de Marçal, que é opção de 20,7% dos entrevistados do grupo, enquanto o tucano é o candidato de 15,6%.

O Paraná Pesquisas ouviu 1.500 eleitores por meio de entrevistas pessoais entre os dias 19 e 22 de agosto. A margem de erro é de 2,6 pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número SP-06659/2024.

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postado em 23/08/2024 23:30
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