As instituições diplomáticas do Brasil e da Colômbia se movimentam para responder a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela que confirmou a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais. A expectativa é que os dois países se posicionem em conjunto, nos próximos dias, como ocorreu em negociações anteriores. Os esforços são liderados pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e pelo colombiano Luis Gilberto Murillo.
Nesta quinta-feira (22/8), a Corte Suprema da Venezuela chancelou a decisão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que concedeu a Maduro a reeleição. Porém, não divulgou as atas que contêm os votos por seção, exigência feita pelo Brasil e diversos outras nações para o reconhecimento do resultado.
Além disso, tanto o CNE quanto o TSJ são controlados por aliados do chavista. Integrantes da oposição, como a líder María Corina Machado e o candidato Edmundo González, repudiaram a decisão da Corte. Eles se declaram vitoriosos no pleito.
O Brasil não vai reconhecer a vitória de Maduro sem a divulgação das atas. Por outro lado, também não quer cortar relações diplomáticas com o país vizinho, considerado estratégico. Por enquanto, a posição oficial continua sendo articular o diálogo entre Maduro e opositores, e pedir transparência, segundo fontes do Itamaraty.
Lula endurece tom
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) endureceu o tom sobre o governo da Venezuela. Ele negou reconhecer a vitória de Maduro e disse que o chavista "deve explicações", além de admitir que o venezuelano é "autoritário". O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, também destacou a falta de transparência.
As falas geraram desconforto em Maduro, que também rejeitou a possibilidade, ventilada por Lula, para refazer a eleição. A expectativa é que um posicionamento oficial mais duro da diplomacia gere reações do governo venezuelano, como a expulsão da embaixadora brasileira — o que foi feito com países que não reconheceram o resultado, como a Argentina e o Chile. Isso não representa, porém, um rompimento das relações.
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