As regiões da Amazônia e do Pantanal vivem a pior seca da história, com as populações enfrentando uma situação de calamidade, com a crise hídrica que intensifica as queimadas ilegais. Para enfrentar o problema, o governo federal realizou, nesta quarta-feira (21), no Palácio do Planalto, uma reunião com os estados das duas regiões, para coordenar esforços no enfrentamento da crise.
“O que está acontecendo hoje na Amazônia é assustador, as cidades, que a maior parte se acessa pelos rios, hoje estão impedidas de receber até combustível pela redução do calado dos rios”, relatou o governador do Maranhão, Carlos Brandão, ao informar que a região amazônica vive hoje a pior crise hídrica da história. Para o governador do Amazonas, Wilson Lima, a seca no Norte deve se agravar nos próximos, anos em função das mudanças climáticas.
“No ano passado, tivemos a maior seca de todos os tempos no Amazonas. Esse ano deve ser ainda mais complicada e prolongada, com menos chuvas. Precisamos agora preparar as cidades para a resiliência para enfrentar as mudanças climáticas”, apontou o chefe do executivo amazonense. Um dos pedidos do governo Lula para os governadores é para que todos os estados determinem o cancelamento de qualquer autorização para o uso do fogo.
Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, os estados do Acre, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima ainda não proibiram totalmente a prática. A ministra destacou que o governo federal é responsável por apenas 60% da área e os outros 40% são responsabilidade dos estados, mas destacou que o governo trabalhou com planejamento para dar respostas à crise.
“O governo federal está em um esforço para além do que é a sua atribuição e haverá investigação da Polícia Federal, como já está acontecendo no Mato Grosso, porque não pode mais acontecer, pois tem pessoas que, mesmo com a proibição, estão ateando fogo”, disse Marina. Questionada por jornalistas, ela negou que o planejamento tenha subestimado o agravamento das mudanças climáticas e apontou que o governo federal está atuando com medidas para dirimir a crise com brigadistas e com instrumentos para contratar mais equipes para combater os fogos.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, disse ao Correio, que os números deste ano ainda estão impactados pelos incêndios recordes de janeiro em Roraima, que, acima da linha do equador, tem o ciclo das secas em janeiro. Segundo Agostinho, os números dados se referem aos focos de incêndios, mas acredita que é necessário mudar a medição para a área queimada.
“A medição é feita por fontes de calor, às vezes um incêndio tem 100 ou 200 fontes de calor. Estamos trabalhando para aprimorar esses dados”, destaca. O encontro, que teve como uma das propostas a criação de um comitê conjunto permanente, contou com a presença de 5 governadores e ministros do governo Lula envolvidos com a questão. Com a seca nos rios amazônicos, o alastramento do fogo, causado principalmente pelo desmatamento ilegal, tem crescido e a fumaça dos incêndios já está atingindo onze estados com a fumaça, em função dos ventos, chegando até mesmo aos estados da região Sul.
A Amazônia registrou esse ano, de janeiro até agosto, segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o maior número de focos de queimadas dos últimos 14 anos, com um total de 43.948 focos de incêndios.
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