O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, voltou a defender nesta quinta-feira (22/8) uma segunda eleição na Venezuela.
“Maduro me disse que seria uma questão de dias, de alguns dias. Mas não as temos. Por outro lado, temos as atas da oposição, mas não me parece correto basear o reconhecimento de um presidente em atas que estão nas mãos da oposição, de um partido, e não do Conselho Nacional Eleitoral. Mesmo que saibamos que são cópias, não me parece correto”, ponderou Amorim.
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A principal líder da oposição, María Corina Machado rejeitou a ideia de novas eleições. Para Corina, seria uma "falta de respeito" refazer o pleito. Ela argumentou ainda que a oposição, pela primeira vez nos últimos 15 anos, tem provas de que ganhou a eleição, com o candidato Edmundo González.
“Não consigo entender. Se ambos os lados dizem que venceram, por que não realizar outras eleições em que os problemas que se diz terem manchado esta eleição possam ser evitados? Se ganhou, vai ganhar de novo provavelmente, não?”, emendou Amorim à CNN Espanha.
As atas que comprovam a lisura do pleito ainda não foram divulgadas e o Brasil ainda não se posicionou oficialmente sobre reconhecer ou não o venezuelano como presidente.
Ainda hoje, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela validou a reeleição de Maduro para um terceiro mandato de seis anos. A decisão responde a um pedido feito por Maduro, em meio a dúvidas e críticas da comunidade internacional sobre a eleição venezuelana.
Amorim ainda defendeu “tolerância” e “diálogo” por parte da Venezuela e países vizinhos para chegar a um consenso sobre o tema.
“Tem que haver tolerância. Não tem que haver arrogância por parte dos que querem ajudar porque é fundamental pensar que a Venezuela é um país independente. Estamos tratando de ajudar, como fizemos há 20 anos, com o referendo revogatório, mas não de interferir, não de dizer “façam isso”.
Questionado se Maduro reconheceria eventualmente uma derrota na segunda eleição, acrescentou:
“Se houver uma verdadeira supervisão, mas para isso seria importante que a União Europeia eliminasse as sanções. Se houver uma verdadeira fiscalização, o problema não surgirá porque a própria fiscalização evitará as dúvidas que agora existem”, declarou.
Amorim concluiu ainda que é preciso “tempo” e que um ultimato não seria a solução. “Quando se fala de tempo, é como se fosse um ultimato. Isso é sempre negativo porque fazer um ultimato a um país e obrigar a uma coisa é invadir sua soberania. Por outro lado, se fazemos um ultimato e não cumprimos, perdemos a credibilidade. Vamos continuar conversando, haverá um momento em que haverá um cansaço, não sei, mas não chegamos exatamente a isso agora”.
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