Política é investimento, a julgar pela concentração de candidatos com patrimônio considerável nas eleições municipais deste ano. A partir dos dados consolidados pelo TSE na semana passada, é possível observar o nível de riqueza e a evolução patrimonial de quem decide ingressar na vida pública.
A declaração dos bens é um tema controverso entre os candidatos, receosos de divulgar informações pessoais. Mas uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral, de 2022, estabelece que a "publicidade" e a "transparência" são necessárias para o eleitor escolher aquele que irá assumir um cargo na administração pública.
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De acordo as informações públicas apresentadas à Justiça Eleitoral, nota-se que os candidatos de patrimônio vultoso atuam no ramo empresarial ou no agronegócio. É o caso do candidato à prefeitura de Marília, em São Paulo, e calouro na política, João Pinheiro, do PRTB. O candidato é dono da maior fortuna nas eleições deste ano.
O empresário declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio no valor de R$ 2,851 bilhões. Boa parte desse montante é proveniente da participação na empresa Sugar Brazil, especializada na comercialização de commodities agrícolas. O negócio de Pinheiro, contudo, enfrenta problemas judiciais. Na última quarta-feira (14/08), a Justiça de São José do Rio Preto decretou a falência da empresa, em razão de uma dívida de R$ 262.951,88.
O empresário também declarou ao TSE R$ 1 milhão em cotas de uma empresa de criação de gado e produção de leite, chamada Das Marias Agropecuária. Além de R$ 300 mil em uma caderneta de poupança da Caixa Econômica Federal.
Máquinas agrícolas
Diversos políticos que fazem parte do ramo do agronegócio acumulam patrimônios milionários. O atual prefeito do município de Pimenta, em Minas Gerais, é produtor agrícola e o candidato com o maior patrimônio de todo o estado. Geovânio, filiado ao PSD, declarou ao TSE possuir R$ 136,9 milhões.
Candidato à reeleição na cidade, o prefeito declarou R$ 33,4 milhões em 2020. Em quatro anos, houve uma valorização de quase 410% do patrimônio. O bem de maior valor declarado foi a posse de 50% de máquinas agrícolas, como colheitadeiras, plantadeiras, tratores e caminhões, entre outros equipamentos de produção agropecuária. O total representa R$ 42,2 milhões.
Outro que teve um aumento substancial de patrimônio é o candidato à prefeitura de São Paulo pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), o empresário e influenciador digital Pablo Marçal. Ele declarou ao TSE, um patrimônio no valor de R$ 169,5 milhões, cerca de R$ 70 milhões a mais de quando foi pré-candidato à presidência em 2022. Na ocasião, Marçal informou à Justiça Eleitoral um patrimônio R$ 96 milhões.
A maior parte do patrimônio de Pablo tem origem em 80% do capital social da empresa Aviation Participações, valor equivalente a R$ 80 milhões. Pablo também possui R$ 19,2 milhões investidos na Letra Imobiliária Garantida do Banco Itaú.
Outro candidato com uma fortuna acima da média é o empresário Sandro Mabel, postulante à prefeitura de Goiânia pelo União Brasil. Mabel era herdeiro da fabricante de biscoitos Mabel, fundada em 1953, mas a empresa foi vendida em 2011 para a PepsiCo por cerca de R$ 800 milhões. O empresário declarou ao site do TSE um patrimônio de R$ 313,4 milhões. Atualmente, Sandro Mabel detém 50% das ações na empresa Gama Internacional, o que equivale a R$ 9,5 milhões. Além da participação na Snowmass Enterprise e Agropecuária Santa Cláudia, que juntas somam R$ 10,7 milhões em ações.
Sandro Mabel já foi deputado federal por Goiás e atuou como assessor especial da presidência da República durante o governo de Michel Temer.
Entre os candidatos com maior patrimônio na corrida municipal está o atual senador do Ceará, Eduardo Girão (Novo). Candidato à prefeitura de Fortaleza, Girão declarou um patrimônio de aproximadamente R$ 48 milhões. Esse valor inclui cinco apartamentos, uma casa, terrenos, aplicações financeiras e carros. Desde que entrou na política, Girão aumentou sua fortuna em cerca de 32%. O maior valor declarado por Girão é no investimento em fundos de multimercado, totalizando R$ 13,5 milhões.
*Estagiários sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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