A líder da oposição a Nicolás Maduro na Venezuela, María Corina Machado, rejeitou, nesta quinta-feira (15/8), as sugestões ventiladas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para realizar nova eleição ou montar um "governo de coalizão" no país.
Para Corina, seria uma "falta de respeito" refazer o pleito. Ela argumentou ainda que a oposição, pela primeira vez nos últimos 15 anos, tem provas de que ganhou a eleição, com o candidato Edmundo González.
"Se não agradar o resultado de uma segunda eleição, vamos para a terceira? Para a quarta? Quinta? Vocês aceitariam isso em seus próprios países?", destacou Corina durante coletiva de imprensa. "Propor isso é desconhecer o que aconteceu em 28 de julho. É um desrespeito aos venezuelanos", acrescentou.
O governo brasileiro, que media o diálogo entre Maduro e a oposição, não propôs oficialmente a realização de novas eleições. A ideia, porém, foi ventilada pelo próprio presidente Lula, assim como a formação de um governo de coalizão, misturando autoridades do chavismo e opositores.
Transição democrática
Lula comentou a proposta hoje. "Se ele (Maduro) tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela. Quem sabe até invocar novas eleições, estabelecer critérios para a participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário, que participe todo mundo, e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro para ver as eleições", afirmou o presidente em entrevista à Rádio T, de Curitiba, Paraná.
Ele também citou sua gestão como um exemplo de governo de coalizão que poderia ser formado por Maduro. "Muita gente que está no meu governo não votou em mim. E eu trouxe todo mundo para participar do meu governo", apontou.
Corina, porém, também rejeitou a ideia. Segundo ela, essa forma de governo só funcionaria entre grupos democráticos. "Não é o caso. Oferecemos incentivos, mas em uma transição democrática", enfatizou.
A oposição defende que seja instaurado um processo de transição para um governo democrático, e ofereceu, por exemplo, um "salvo-conduto" para que Maduro não seja preso após a transição. O presidente reeleito, porém, rejeita a medida.
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