Argentina

Rival de Milei quer boa relação com Lula: "Tolice achar que há outro caminho"

O governador da província de Buenos Aires falou com a imprensa no Planalto, após se reunir com o presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o assessor especial Celso Amorim

Kicillof busca alternativas para o corte de recursos feito pelo presidente Milei, que implementou uma política econômica de redução de gastos públicos no país vizinho -  (crédito: Victor Correia/CB/D.A.Press)
Kicillof busca alternativas para o corte de recursos feito pelo presidente Milei, que implementou uma política econômica de redução de gastos públicos no país vizinho - (crédito: Victor Correia/CB/D.A.Press)

O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, declarou nesta terça-feira (13/8) querer manter o bom relacionamento com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar do distanciamento promovido pelo presidente argentino, Javier Milei. Ele esteve hoje no Palácio do Planalto para um encontro com o petista, e é considerado o principal opositor de Milei no país vizinho.

Segundo o governador, que chefia a maior província da Argentina — semelhante a um estado brasileiro —, “seria muito tolo achar que há outro caminho” que não o aprofundamento das relações com o Brasil. Kicillof destacou ainda que Buenos Aires concentra 40% da produção argentina, e que ele veio buscar investimentos brasileiros em contraponto ao corte de recursos promovido por Milei.

Governador da Província de Buenos Aires, Axel Kicillof, entre ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e presidente Lula, durante encontro no Palácio do Planalto
Governador da Província de Buenos Aires, Axel Kicillof, entre ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e presidente Lula, durante encontro no Palácio do Planalto (foto: Ricardo Stuckert/PR)
 

“Eu dificilmente, por minha posição ideológica ou política, poderia acreditar que tenho o direito de pôr em risco os laços que são históricos entre o povo argentino e bonaerense e o povo brasileiro”, declarou. A província não inclui a capital Buenos Aires, que tem gestão autônoma.

“Além disso, [há] empresas, indústrias, comércio, produção, energia. Seria muito tolo da minha parte achar que há outro caminho para celebrar o bem-estar da província que não seja melhorando, aprofundando e ampliando essas relações com o povo e o país, assim como com o Brasil”, acrescentou.

O governador, porém, desviou do assunto quando questionado se sua visita a Brasília seria um contraponto ao encontro entre Milei e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Balneário Camboriú, em um fórum de extrema-direita.

“Eu creio que o Brasil sempre se comportou com respeito com o presidente da Argentina. Creio que, assim como se devem conduzir as relações internacionais, são as relações entre mandatários, e o resto que se pode dizer são opiniões que quem deverá dar é o governo brasileiro”, respondeu.

Investimentos brasileiros em Buenos Aires

Participaram do encontro de hoje, também, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim. Antes da reunião, Kicillof esteve com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

O governador deve se encontrar ainda com o chanceler Mauro Vieira. Kicillof disse que irá ao Itamaraty buscar um “vínculo direto” para discutir as questões da província de Buenos Aires com o governo brasileiro. Ele não citou, porém, quais anúncios devem ser feitos, sob o argumento de que é prematuro fazer anúncios no momento. 

O governador busca alternativas para o corte de recursos feito pelo presidente Milei, que implementou uma política econômica de redução de gastos públicos. Segundo Kicillof, outras províncias também estão reclamando.

Frisou, contudo, que o corte não vai impedir as políticas de seu governo de “aumentar direitos”, como saúde e educação. “Estamos tendo dificuldade de receber apoio do governo federal da Argentina, e isso foi discutido com o presidente Lula. Falamos para ele que sempre fomos respeitosos e respeitamos o marco institucional. Temos fortes reclamações sobre o governo nacional em relação aos recursos que deveriam ter sido enviados à província, que estavam estabelecidos por lei”, apontou.

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postado em 13/08/2024 15:36
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