A Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB) aprovou, nesta segunda-feira (12/8), pela primeira vez na história da entidade, um indicativo de greve, no contexto das negociações salariais com o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) e demandas de reforma da carreira diplomática. O indicativo ocorre às vésperas da Cúpula do G20.
A associação deve convocar em breve uma nova assembleia para debater os moldes da greve e a data de início. “A entrada de cerca de 500 novos diplomatas no governo Lula 2 e a PEC da Bengala levaram a uma paralisia do fluxo de carreira. Enquanto alguns poucos embaixadores gozam de 20 ou 30 anos de ‘generalato’, uma multidão de “jovens” diplomatas estão condenados a nunca poderem ascender”, apontou uma fonte ao Correio.
A gota d’água foi a proposta de aumento salarial do MGI que previa um aumento salarial não linear, com percentuais variando de 7,8% para a classe de Terceiros Secretários (TS) até 23% para os Embaixadores (Ministros de Primeira Classe, MPC), escalonados entre 2025 e 2026.
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Segundo a nota da associação, o indicativo de greve foi aprovado por 95% dos presentes. “A decisão de um indicativo de greve reflete a insatisfação geral da categoria com a falta de valorização e reconhecimento da importância da carreira diplomática, em um momento em que o Brasil retoma suas ambições na política externa, sediando importantes eventos como as cúpulas do G20, do BRICS e a COP-30”, apontou a nota.
“Diferentemente de outras carreiras públicas, nas quais os servidores podem chegar ao topo salarial em pouco mais de 10 anos, diplomatas costumavam levar até 30 anos para alcançar o nível máximo da carreira. Com o aumento da idade de aposentadoria para 75 anos e uma estrutura engessada com vagas limitadas por classe, número significativo de diplomatas fica estagnado nas classes iniciais ou intermediárias da carreira. Por esta razão, é grande a insatisfação nas gerações mais recentes do Itamaraty, que não têm perspectivas de desenvolvimento profissional na carreira”, continuou o documento.
“Diante desse quadro de fluxo estagnado, a maior parte dos diplomatas, pertencente às classes de Terceiro Secretário, Segundo Secretário e Primeiro Secretário, ficaria com um reajuste abaixo de 16%, o que seria insuficiente para recompor as perdas inflacionárias do período recente. A oferta salarial foi considerada insuficiente em comparação com a proposta original da ADB Sindical, que previa um reajuste linear de 36,9%”.
No Brasil, a Cúpula de Líderes do G20 está agendada para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro, com a presença das lideranças dos 19 países membros, mais a União Africana e a União Europeia.
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